quarta-feira, 9 de setembro de 2015

REVOLTA RACIONAL


Existe uma revolta tão grande
sangrando meu peito
de ver a fome, a cerca, a grade
a separar, à revelia do Perfeito,
os homens.
Em letras garrafais
revistas e jornais
anunciam a morte sem sentido
de operários  e pais e mães aflitas
por ordem de bandidos
que se dizem governantes.


Tenho uma revolta sem cura
ao ver a terra sempre na escura
guerra
e nas taperas
a miséria ronda mãos e bocas
enquanto os tanques nas ruas
mostram a racionalidade pouca
da classe dominante.


 Sempre me revolta, e muito
ver criaturas humanas
sem trabalho, sem cultura, sem teto
produtos de  mentes insanas
dos Hitleres de ontem e de hoje.


Sempre me revolta, e desespera
os estudantes nas ruas
os operários, em greve, nas lutas
tratados como feras
pisados
metralhados
massacrados
por soldados oprimidos
que desconhecem sua força de homem
e utiliza a fragilidade do assassino
em nome daqueles que oprimem
e calam a todos
se julgando donos do destino.


Sempre me revolta os braços cruzados
dos cristos de cada dia
sentindo-se impotentes
diante dos romanos e dos judas.
Nunca enxergam novos horizontes
onde brilha a paz  e a alegria.
Estão sempre dominados
sempre a lamentar
nunca a lutar.


E eu solto esta enxurrada
de palavras
sem rimas, sem beleza, sem poesia.
Apenas com força motora
de quem acredita na lição do dia a dia
para vencer o terror do dinheiro
e das armas.
Não solto estas palavras como armas
para destruir os destruidores,
mas como flores para acalmar-lhes
a ira animal
e restituir-lhes a razão de ser
parte da obra

do Poeta Universal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário