Existe uma revolta tão grande
sangrando meu peito
de ver a fome, a cerca, a grade
a separar, à revelia do Perfeito,
os homens.
Em letras garrafais
revistas e jornais
anunciam a morte sem sentido
de operários e
pais e mães aflitas
por ordem de bandidos
que se dizem governantes.
Tenho uma revolta sem cura
ao ver a terra sempre na escura
guerra
e nas taperas
a miséria ronda mãos e bocas
enquanto os tanques nas ruas
mostram a racionalidade pouca
da classe dominante.
Sempre me revolta, e muito
ver criaturas humanas
sem trabalho, sem cultura, sem teto
produtos de mentes
insanas
dos Hitleres de ontem e de hoje.
Sempre me revolta, e desespera
os estudantes nas ruas
os operários, em greve, nas lutas
tratados como feras
pisados
metralhados
massacrados
por soldados oprimidos
que desconhecem sua força de homem
e utiliza a fragilidade do assassino
em nome daqueles que oprimem
e calam a todos
se julgando donos do destino.
Sempre me revolta os braços cruzados
dos cristos de cada dia
sentindo-se impotentes
diante dos romanos e dos judas.
Nunca enxergam novos horizontes
onde brilha a paz
e a alegria.
Estão sempre dominados
sempre a lamentar
nunca a lutar.
E eu solto esta enxurrada
de palavras
sem rimas, sem beleza, sem poesia.
Apenas com força motora
de quem acredita na lição do dia a dia
para vencer o terror do dinheiro
e das armas.
Não solto estas palavras como
armas
para destruir os destruidores,
mas como flores para acalmar-lhes
a ira animal
e restituir-lhes a razão de ser
parte da obra
do Poeta Universal.
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