terça-feira, 29 de setembro de 2015

EU, PRISIONEIRO


Dentro dos muros da minha prisão
Nunca vejo meus sois, não entra o dia
Eterna noite implantada
Em desesperado coração.
Nenhum sonhar que ontem existia
O corpo inerte, a mente dormindo,
Já não espera uma intervenção
divina.



domingo, 27 de setembro de 2015

ETERNA BUSCA




Sempre busquei um amor utópico
Aquele que não impõe condições
Amor que não poda as liberdades
Para joga-las rente ao chão
Amor que faça o amanhã
Sem pestanejar ou deter no ontem
Amor que não distingue pobre ou rico
Mas apenas faz florescerem os corações


Foram muitas as procuras
E nenhum achado
Coração mil vezes despedaçado
E lançado na rua
Que até a lua
Chorou
E em meio a tempestade
Escondeu-se
E desde então
Vivo em meio à escuridão
Procurando
Um amor que acabe

Com a solidão.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

NECESSIDADE BÁSICA


Uma voz no deserto das aparências
Que se ouve, às vezes forte às vezes fraca
Sempre com decência
Na dor lancinante de um corte feito à faca

Todo o real se desfaz como mito
Nas orações aos deuses existentes
Os mortos, que habitam o infinito,
Não sabem o que é a vida e seus horizontes

Clamar pela dor e pela felicidade
Sentir a alma calma, o corpo em paz
Só é possível longe da humanidade
No convívio das intimidades

Quando o sonho se faz.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

VIDA REAL



A Minha vida é a morte quem dita,
Nas loucuras do tempo e do espaço.
Em tudo um jardim de flores esquisitas
Sem cor, sem perfume, puro aço.
Ruas desertas acompanham meus passos
Nas solitárias madrugadas silenciosas

No céu nenhuma lua, nenhuma estrela
Na cidade nenhuma aberta janela.

Quando vem o desejo ardente por felicidade
Aconchego-me em braços de vida nada fácil
Atos cometidos na obscuridade
De quem tem um olhar nada ágil
No pensamento fatal de ser liberdade
Sendo na verdade

A vida real.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

UM PRIMEIRO ELOGIO



Não tenho tempo para sorrir.
A solidão dos meus dias
Emenda-se na noite silenciosa.
Nenhuma voz escuto no quarto fechado
Em que me canso da insônia imperturbável
Só o fantasma do câncer eminente
Vem perturbar os sonhos que nunca tenho
Se olho o infinito
Não vejo além que minúsculos horizontes
E meu olhar tem tanta necessidade de liberdade
Que não sei mais que atalhos explorar.
Se calmo ou desesperado, não sei,
Mas espero consciente
Que as horas passam
Que os dias passam
Que o ano talvez passe
Sabendo que tudo foi em vão.
A Dama desejada do descanso
Espreita-me sem vacilar
Para quando eu estiver desejando viver

Minha insignificante chama de luz apagar.

sábado, 19 de setembro de 2015

CORRE - CORRE


Para o homem comum
A vida é uma correria
Que só na morte tem fim
Não há momento algum
De suprema e infinita alegria
Que faça dos espinhos jardim.


Corre sem parar todo dia
Para receber ordens do patrão
Sem nunca ter conhecido
As ordens do coração.
E no fim do mês
Com cara de otário
Recebe o minguado salário
Que mal dar para se sustentar.


Nos dias santos corre
À Catedral da Sé
Com hora marcada
Para professar sua fé
Nas mentiras que o padre prega.
E não há Deus que o salve
Das desventuras do mundo.


O mundo mata os quereres
De quem o habita com razão
Homens, animais , outros seres
Nas bocas que dizem sim ou não.
Só sonhos e nenhuma realidade
Só falsidade, nenhuma verdade
Ninguém descruza os braços
Para que todo o mal

Vá para os espaços.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

NA TERRA DOS HOMENS


Na terra dos homens
a guerra consome
o sustento das criaturas
esqueléticas.
Os loucos das poltronas
condenam os sonhos
dos robôs – fantasmas.


Na terra dos homens
a natureza não é vida
é lucro imediato
e o viver sufocado
na exploração descabida.


Nem a imagem dos desertos
( de amor e de verde)
ensinam a lição
da necessária conservação.

Na terra dos homens
existem fardas e fardos
nos ombros dos sobreviventes.
Nenhum sinal, nem mesmo miragens,
dos admiráveis horizontes
pelas igrejas pregados


Na terra dos homens
as cinzas do amor
espalham-se ao vento.
Nenhum sentimento
nenhum lamento
do esquecido tempo
de amor e saudade.


Na terra dos homens
tão destruída pelas loucuras
é tudo normal
é tudo legal
é tudo racional
na terra dos homens.


Na terra dos homens
só a vida não tem vida.
A guerra e a morte descabida
habita cada mão e mente.


domingo, 13 de setembro de 2015

... E SÃO APENAS SONHOS


Meus sonhos
desenterram passados.
Em Nicolau me vejo
em carne e ossos
como um velho desejo
nos campos correndo
e cada pedaço de terra
reconhecendo.
Os animais são os mesmos
- os sonhos não conhecem o tempo –
o burro Maquinista
teimoso como ele só.
Branquinha, minha cabrita,
por onça devorada
no dia do parto.
Mimosa, a vaca leiteira,
das manhãs ensolaradas.
Paisagens tantas
sonhos e aventuras.
Eu novamente percorrendo
cada pedaço da infância
nesta terra de abundância
que me viu nascer.
Eu e ela se reconhecendo
mutuamente.
Tantos sonhos e planos
por estas terras enterrados.
E quanto até hoje
carrego em meu peito ?
- Não sei !!!
Repito cada travessura
do menino
e apesar das mudanças
ainda vejo tudo como antes.
E o sonho avança
trazendo-me seus horizontes.
Quando acordo
duas lágrimas estão

atrapalhando minha visão.

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

MORRENDO DE AMOR


                             para Míriam Neder  Assis


Dizem, na sabedoria popular,
que não se morre de amor,
que o tempo e seu lento passar
acaba com a sangria e a dor.
Mas meu coração apaixonado
sempre dispara ao pensar
na imagem do ser amado.

E é este meu eterno penar...


Certeza trago no peito atormentado
que o tempo será meu crucificador.
Se não estiver em seus braços abrigado

acabarei morrendo de amor.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

REVOLTA RACIONAL


Existe uma revolta tão grande
sangrando meu peito
de ver a fome, a cerca, a grade
a separar, à revelia do Perfeito,
os homens.
Em letras garrafais
revistas e jornais
anunciam a morte sem sentido
de operários  e pais e mães aflitas
por ordem de bandidos
que se dizem governantes.


Tenho uma revolta sem cura
ao ver a terra sempre na escura
guerra
e nas taperas
a miséria ronda mãos e bocas
enquanto os tanques nas ruas
mostram a racionalidade pouca
da classe dominante.


 Sempre me revolta, e muito
ver criaturas humanas
sem trabalho, sem cultura, sem teto
produtos de  mentes insanas
dos Hitleres de ontem e de hoje.


Sempre me revolta, e desespera
os estudantes nas ruas
os operários, em greve, nas lutas
tratados como feras
pisados
metralhados
massacrados
por soldados oprimidos
que desconhecem sua força de homem
e utiliza a fragilidade do assassino
em nome daqueles que oprimem
e calam a todos
se julgando donos do destino.


Sempre me revolta os braços cruzados
dos cristos de cada dia
sentindo-se impotentes
diante dos romanos e dos judas.
Nunca enxergam novos horizontes
onde brilha a paz  e a alegria.
Estão sempre dominados
sempre a lamentar
nunca a lutar.


E eu solto esta enxurrada
de palavras
sem rimas, sem beleza, sem poesia.
Apenas com força motora
de quem acredita na lição do dia a dia
para vencer o terror do dinheiro
e das armas.
Não solto estas palavras como armas
para destruir os destruidores,
mas como flores para acalmar-lhes
a ira animal
e restituir-lhes a razão de ser
parte da obra

do Poeta Universal.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

MUTAÇÃO



Amanhã ...  quem sabe
um sonho desvairado
como tempestade, desabe
sobre o mundo.
Que o homem nunca diga
não poder sonhar.
O lado escuro abriga
o desejo de amar.
Não sou em nada
estável, limitado.
A alma abrigada
sempre desenfreada
nunca foi um sonho
acabado.



sábado, 5 de setembro de 2015

CORAÇÃO INOCENTE



Em meu velho peito
guardo velhas recordações
de velhas e perdidas paixões
por simples defeito.


É que meu cansado coração
não funciona mais direito:
teima, de qualquer jeito,

acreditar no amor, acreditar na paixão.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

POEMA 1



A fotografia
é a janela
do tempo
inventariando
vivos e mortos.

Quando chegar o dia
de alcançar as estrelas
não quero deixar
nem foto nem olhar
que possa inventariar

meus passos tortos.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

SEGUNDO POEMA PELO FIM DOS EXÉRCITOS


 


Os soldados quando passam
massacram as flores e as primaveras.
Mas como as raízes são mais fortes
que a bala dos canhões
as cores voltam novamente
a perfumar as estradas
e a vida em nova era
refaz lentamente a primavera.


É prova irrefutável que o coração
fala mais alto que a força bruta.