quinta-feira, 30 de abril de 2015

NOSSO JOGO



Só joguei fagulhas de meu céu
Em sua estrada de flor e vida
Mesmo assim incendiei seu viver
Com chamas ardentes de um fogaréu
Que iluminou todo seu querer.



Meu amor é mesmo assim
Capaz de queimar Roma num dia
E ainda refazer todo o jardim
Onde possa flutuar desejos e fantasia.
Apenas seus braços apagam este fogo
Sem nunca deixar terminar o jogo
De amor, prazer, loucura e alegria.



terça-feira, 28 de abril de 2015

MINAS GERAIS




Cantar-te está além das forças humanas
Vai além palavras populares e palacianas
Sei que és assim , assim...
Muito mais que luz e liberdade.
És mais que flor, és cores e jardim
A multiplicar vida e felicidade.  
Belos são todos os teus horizontes
E caminhos mil cortam tuas montanhas.
Nunca negas hospitalidades aos viandantes
E eles levam saudades tamanhas
De tuas belezas humanas e naturais.
Tu és particular e és gerais
No coração de cada mineiro.
Nos gramados tu és Cruzeiro
Abrindo fronteiras internacionais
Sem conhecer obstáculos ou rivais.
És história que todos , que cada um
Escreve à sangue, `a tinta, a giz.
És terra de glória  incomum,

És minha nação, és meu país.

domingo, 26 de abril de 2015

Ê BOI !!!



Entre trilhas e passos
Perdidos no pasto
A boiada calma vai
Ruminando saudades.
O eu criança se prende
Nas rédeas do passado
 A grama que hoje piso
Não tem o mesmo verde
Da infância não esquecida.

E o boi não mais muge
Os segredos da vida.


sábado, 25 de abril de 2015

DESAFINADO


Tenho mil cantigas em minhas mãos
Em cada dedo centenas de palavras
Em cada gesto perdidas ilusões
Desejo de ouro encontrar nestas lavras.

Tenho mil cantigas em minhas mãos
Em cada palavra décadas de sonho
Em cada dormir um comum acordar
Sem realizar os quereres que proponho.

Tudo que digo são verdades em parte
A traduzir-me de corpo e alma.
As mil cantigas que trago nas mãos
São sempre cantadas pela metade

( perdão pela minha falta de fé e coragem.
Devia eu cantar de todo coração
Mas não passa de ingênua miragem

As cantigas no deserto de minhas mãos.)

sexta-feira, 24 de abril de 2015

MÃO ANTIGA E AMIGA



Pedras soltas pelo chão
Abarcam meus caminhos
Pontiagudos espinhos
Alfinetam meu coração
São portas fechadas
Apressadas cercas levantadas
Barricadas alucinadas
Apagando minhas trilhas.
Punhais de gelo e pedras
Sangram meu corpo peregrino.
Não me derrubam. Não, não !
Nas quedas e nas partilhas
Ergo velas e esquadras
A singrar verdade e ilusão

E sempre me acompanha o eu menino.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

TESTAMENTO



Meu tempo de guerra
Já passou
Nas batalhas poucas foram
As vitórias
Mas que importa
A um simples mortal
A história
E toda estatística ?
Nunca busquei a glória
Nem o eterno que fica
Nas bibliotecas do mundo.

Lutei bravamente a vida
Nem mesmo o clostridium tetani
Conseguiu me derrotar.
As quedas sempre acompanharam
Meus caminhos
E em meio a espinhos
Floriram algumas flores
Algum perfume se exalou
Deixando em meus passos
Uma sensação de armistício. 
Mesmo que o amanhã diga
Que a vida não me abriga
Saberei que Pablo e Gláuber dirão
Que cumpri minha missão.



E no século vinte e um
Todos os passos serão apagados.
Nem poeira sobrará dalgum

Que existiu nos séculos passados.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

A SAGA DO HOMO SAPIENS ou NÃO CHEGARÁ O AMANHÃ


Passos incertos
Marcam o compasso
Dos caminhos invadidos
Pela multidão dos esquecidos.

Olhares atentos
Vagam o espaço
Que os passos
Não podem invadir


Os braços cruzados
Dos esquecidos
Que não gritam
Pela vida
Não salvarão
A espécie humana


Entre os olhares
Atentos
E os sons milenares
Dos passos oprimidos
Fica a racionalidade



E a certeza
Trazida pelo vento
De que é eterno
O longo inverno
Onde hiberna
O homem da caverna.


sábado, 18 de abril de 2015

CANÇÃO PELA VIDA DE ERNESTO GUEVARA DE LA SERNA


Ernesto foi morto

cravejado de  estrelas
que todo seu corpo
tornou-se céu para elas.

Ernesto foi morto

pela morte dos eternos,
daqueles que enfrentam
páginas de nossos cadernos.

Ernesto foi morto
mas vive nas milhares
de palavras e gestos
que espalhou nos ares.

Ernesto foi morto
por puro engano.
Os heróis não morrem
escalam sorridentes os anos.

É puro engano
dizer que Ernesto foi morto.
os poetas são eternos

como o próprio abandono

sexta-feira, 17 de abril de 2015

REVOLUÇÃO



Preciso contar as estrelas
e encontrar meu céu. Minhas janelas
fechadas de ontem e sem saber
qual futuro encontrará  você,
precisam abrirem-se como um dia
que amanhece cheio de alegria
no cantar dos galos, pássaros e homens.



Não quero novamente as miragens
que enganam o presente. Meu desejo
ultrapassa os horizontes do beijo
do filho primogênito. Procuro
meu céu muito além do muro.
E contando assim minhas estrelas
possa abrir, sem medo, todas as janelas.

terça-feira, 14 de abril de 2015

O MEU RETORNO NÃO ENCONTROU SEUS BRAÇOS


O meu retorno não encontrou
seus braços alucinantes de amor.
Minhas mãos tatearam a noite,
o vazio e o silêncio se fizeram presentes.
O meu retorno não encontrou
seus braços alucinantes de amor.

Depois do exaustivo caminhar
de um dia, todo viajante encontra
uma pousada aquecida para
seu repouso. Só eu encontro a noite
fria e a solidão dos abandonados.
Por que meu olhar não encontrou
novamente o seu, minha amada ?


O meu retorno não encontrou
seus lábios sedentos de beijos
e minha sede não foi saciada.
Um deserto se formou
em volta de nossa morada.
Porque meu retorno não encontrou
seus lábios sedentos de amor



domingo, 12 de abril de 2015

CANÇÃO PARA O MEU DIA DOS NAMORADOS AUSENTE



Vem de longe o cheiro do amanhã,
pedra sobre pedra tudo desmorona.
Um sentimento de árido deserto completa
o ardil que o lança toda manhã

sem rosto, sem corpo, sem presente
apenas um misto de passado e morte.
O velho desejo em nada exercita a sorte,
em nada modifica o fechado semblante.

Estar só, completamente só.
Nenhum som, nenhuma palavra,
apenas a sina infame de Jó.

sexta-feira, 10 de abril de 2015

LEMBRETE AOS LEITORES DESAVISADOS



Que poesia tola
a minha
aprendeu dizer apenas “sim”
e pelo caminhos
só encontra “não”
nenhuma rosa
somente espinhos


Que poesia tola
a minha
vive pregando paz na terra
aos homens de boa vontade
aos que nem vontade têm.
E de fronteira a fronteira
só encontra guerra


Que poesia tola
a minha
que insiste em falar
de amor ao próximo
como mandamento primeiro
e nos corações só encontra
portas abertas  para o egoísmo
e o dinheiro.



Que poesia tola
a minha
num afã desesperado
em mudar o mundo
não se cala
não se intimida
mas continua sua caminhada
palavras em punho

gritando pelo direito à vida.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

A SOBREVIVÊNCIA DOS MORTOS



entre beijos
     fogos
a morte revela
      Caravela
chega ao novo mundo
        fim do mundo

a Bíblia e a Cruz
          espada
em nome de Jesus
           sangrando
os ungidos
do novo mundo
     da Igreja.

E poderes delega
a outros Judas
no chão que abriga
a crucificação
na Revelação
de um místico Cristo
sedento de morte
sorrindo da dor



Entre palavras e atos
a morte revela
             a realidade
invasão
da privacidade
da liberdade
do novo mundo
e para todos
            sobreviventes

fim do mundo.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

POEMA ATEMPORAL


Em Antônio Dias o rio
pescando todos os sonhos
caniço repleto de desejos
iscas fabricadas de ilusões
a infância balança no frio,
ritmo de toada que componho
fragrância de grama verde e beijos
relembrando velhas canções
das brincadeiras de rodas.
E o pomar com suas podas
deixa que a estação se desfaça
sem que a vida perca a graça
e o vento que tudo leva
traz para mim , da infância, o rio
e minha alma de vida se eleva

fazendo sol onde reina o frio.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

É O AMOR



- O que queres meu amor ?
perguntou-me com aquele olhar
de abrir qualquer horizonte.

- Quero os teus braços para ser
meu abrigo. Os teus lábios a
fonte onde matarei minha sede.
O teu olhar o altar onde
depositarei minhas oferendas
e farei minha orações_
respondi-lhe com o coração
iluminado de emoção.


- Ah meu amor, o que desejas
posso te oferecer. Faças do
meu ser tua morada e recebas
meus atos como prova sincera
do meu amor _ falou-me enquanto
tuas mãos me acolhiam

com ternura.

quinta-feira, 2 de abril de 2015

LEMBRANÇAS DE 1964


O Domingo sorriu !
Mas nem parecia
a manhã festiva
de missa.
A multidão assistindo
passiva
a paz que partia.
E aquele dia
domingo festivo
de missa
parecia cinzento
sem democracia.
A multidão assistindo
o fim do jardim
olhando a flor
que murchava.
E aquele dia
domingo de missa
e alegria
parecia
Quarta-feira de  cinzas. 
A multidão assistindo
de braços cruzados
o ladrão entrando
roubando a vida.
E aquele dia
ensolarado domingo
não teve festa
não teve missa
pois parecia
31 de março de 1964.