sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

LUGAR NENHUM


               

                                I
Não quero mais falar
De minha cidadezinha natal
O rio que passa por ela
Passa em todos os lugares
Os teus horizontes livres
Tão amplamente admirados
São iguais em toda parte
Não quero mais ser cidadão
Denominado, fichado, restrito.
O trem já partiu
E percorre terras tão desconhecidas
Todas reconhecidas
E eu, anônimo passageiro,
Desfaço fronteiras e visões
Que me mantinham preso
Ao cordão umbilical
De minha cidadezinha natal.

Eu não preciso mais falar
De minha cidadezinha natal.





                        II

Estou cansado de cantar minha cidade interiorana
Busco a mente aberta, ainda que insana.
Mas   o quê não é insano no século vinte e um?
Guerra, fome, violência, jardim algum,
Tudo mina a resistência da humana natureza.
Aos porcos cai por terra toda beleza.


Estou cansado do conformismo do homem do interior
Que não reclama de nada, nem mesmo da dor
Com a vida na praça olhando o horizonte infinito.

O nada será sempre mais bonito.

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