I
Não quero mais falar
De minha cidadezinha natal
O rio que passa por ela
Passa em todos os lugares
Os teus horizontes livres
Tão amplamente admirados
São iguais em toda parte
Não quero mais ser cidadão
Denominado, fichado, restrito.
O trem já partiu
E percorre terras tão
desconhecidas
Todas reconhecidas
E eu, anônimo passageiro,
Desfaço fronteiras e visões
Que me mantinham preso
Ao cordão umbilical
De minha cidadezinha natal.
Eu não preciso mais falar
De minha cidadezinha natal.
II
Estou cansado de cantar minha
cidade interiorana
Busco a mente aberta, ainda que
insana.
Mas o quê não é insano no século vinte e um?
Guerra, fome, violência, jardim
algum,
Tudo mina a resistência da humana
natureza.
Aos porcos cai por terra toda
beleza.
Estou cansado do conformismo do
homem do interior
Que não reclama de nada, nem
mesmo da dor
Com a vida na praça olhando o
horizonte infinito.
O nada será sempre mais bonito.
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