sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

CERTEZA ABSOLUTA



Na tortuosa estrada da vida
Vão seguindo meus passos
Às vezes firmes, às vezes vacilantes
Mas sempre atentos e vigilantes

Nele há flores e também espinhos
Desde que deixei Antônio Dias
Busco um novo Piracicaba
De águas limpas e cristalinas
Mas por onde eu vá
Tanto lá como cá
Só há água suja, pura lama
E a certeza que as elites
Nunca mudarão nossas sinas.


quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

CIDADEZINHA NATAL



Na cidadezinha a rua
Passeia calma pelo dia
Enquanto as janelas veem
A vida passar
Numa palidez de inacabável inverno
Raros são os sorrisos
Os abraços
As declarações de amor
Rostos gastos
E impassíveis
Espelhando as centenárias pedras
Que cobrem as calçadas
Comungam a mesma lentidão
Dos gestos e no agir
E as noites
Mais adormecidas
Que no restante do mundo
Nos levam a crer
Que todos somos divinamente eternos
E não infinitamente finitos


quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

CICATRIZES



Sessenta anos.
Senta-se no banco da praça
Perdido entre o nada e o todo
O nada que a bomba construiu
O todo que o homem destruiu

Sessenta anos.
E nenhuma palavra justifica
Em nenhuma língua se traduz
E vários cristos em feridas vivas
Envergados sob o peso da cruz.

Sessenta anos.
E tudo que se fez foi o fim
Da beleza das core e temas

Dos tão desejados jardins.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

SENHOR DA VIDA




O tempo se foi
E não há mais esperança para meu olhar
Envelheci!
A velhice poda todas as raízes
Sem dó nem piedade
Dos sonhos dantes tão bem cultivados
Que vão secando
E ficando pelos caminhos
Não há mais terra, água, adubo
Que possa revivê-los
Agora tudo se resume numa espera
Tão longa e tão devastadora
Que faz a vida ir murchando...
Murchando... murchando...
Até que um dia
A gente açoda-se para um nada

E o tempo não tem mais razão de ser.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

À DERIVA


Perdeu a bússola meu mundo
À deriva se vai como todo o universo
Nenhuma alma conhece um porto seguro.
A fé não mais indica nenhum caminho
Nem a falta dela percorre estrada
Estamos perdidos
E no fim do túnel somente escuridão.
Nenhuma mão, nenhum olhar significativo
Nenhum motivo
Mas todos perambulamos

Por atalhos que não levam a nada.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

CONFESSIONÁRIO


Sou estranho sim
Estranho, estranho, estranho.
É que não consigo separar
Do mundo que há em mim
E que também me faz assim
Com um pesar tamanho
Trazido em cada olhar.
Me sinto perdido
Entre escombros, balas e canhões
Não há belezas nem ilusões
Tenho o mundo traduzido
Em cada fala, em cada gesto
E esse cansaço de viver
É o tudo em que me resto

É o tudo que a sociedade vê.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

M.



E queria dizer
Que as cinzas do meu olhar
Vai muito além do querer
Além do céu, além da terra, além do mar
De todo lugar de se viver.
Que nenhum  palavra pode calar
A boca que já venceu o medo de falar

E hoje distribui filosofia aos porcos.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

LUGAR NENHUM


               

                                I
Não quero mais falar
De minha cidadezinha natal
O rio que passa por ela
Passa em todos os lugares
Os teus horizontes livres
Tão amplamente admirados
São iguais em toda parte
Não quero mais ser cidadão
Denominado, fichado, restrito.
O trem já partiu
E percorre terras tão desconhecidas
Todas reconhecidas
E eu, anônimo passageiro,
Desfaço fronteiras e visões
Que me mantinham preso
Ao cordão umbilical
De minha cidadezinha natal.

Eu não preciso mais falar
De minha cidadezinha natal.





                        II

Estou cansado de cantar minha cidade interiorana
Busco a mente aberta, ainda que insana.
Mas   o quê não é insano no século vinte e um?
Guerra, fome, violência, jardim algum,
Tudo mina a resistência da humana natureza.
Aos porcos cai por terra toda beleza.


Estou cansado do conformismo do homem do interior
Que não reclama de nada, nem mesmo da dor
Com a vida na praça olhando o horizonte infinito.

O nada será sempre mais bonito.

AMAR VOCÊ


Amar você
É como aguardar a primavera
E experimentar todos os perfumes
E admirar todas as cores
E em êxtase
Ser um beija-flor
Provando os mais doces sabores
E um jardim sem fim
Acolhe você e eu
Para um festim
De palavras, gestos e ações.


Quando tenho você em meus braços
Minha amada
Tudo mais me é indiferente
Pois sei que alcancei o paraíso
E toda espera
E toda procura
Chegaram ao fim.
Agora é só eu e você
Curtindo numa eterna primavera
O jardim.


quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

                 AMÉRICA LATINA


No ombro direito
Descansa
O passado glorioso
No ombro esquerdo
Dorme
O futuro que não virá
Enquanto isso a cabeça
Suporta
Todo o peso da opressão
Já que todos os membros
Inferiores e superiores
Foram arrancados
Por colonizadores
Que primeiro vieram de além mar
E agora vêm do norte
Pelo ar.






                A MINHA AMADA SE PARECE COM  A LUA

Minha amada se parece com a lua
Ilumina minha estrada
E embriaga minhas noites

E eu não canso de admirá-la
Pois sei que sem ela
Me perco pelos caminhos escuros
Do não ser
E não alcanço a montanha
Do paraíso desejado.

A minha amada
Se parece com a lua
Mesmo que luzes artificiais
A ofusque
Ela não deixa de me guiar
Nos caminhos
Do amor correspondido.

A minha amada
É maior que a lua
A minha amada

Ocupa todo o meu céu.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

LADO B




Meu olhar ainda guarda
Todo sentimento do passado
E segue teu caminhar
Com desejos há muito guardados
Nunca foi possível te esquecer
Pois é tua face-lua
Que nunca deixou
Meu planeta escurecer
Mesmo estando distante
A tua luz radiante
Me renova a vida
E sempre que te revejo
É mais vida que penetra em meu ser
Como uma água fortificante
Mas minha boca continua seca

À espera de um beijo.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE



Temos horizontes infinitos a percorrer
Que podem conduzir à luz ou à plena escuridão
Quem pode nos fazer distinguir
E em passos seguros o caminho percorrer
É a união da razão com o coração

Temos horizontes infinitos a alcançar
Subir e descer estão na mesma escala
Para quem agir e não somente falar
Encontrará a luz que alavanca o bem
A escada íngreme que nos leva ao topo.

Temos horizontes infinitos
Em espaços de rosas e espinhos
Sabemos que GeBu, inimigo mortal da humanidade
Quer impedir que a raça humana
Ao menos um consiga enxergar.

Talvez o mais primordial
Aquele pelo qual qualquer ser vivo clama
E que não se compra em qualquer esquina
E que cada um tem direito, conforme sua sina,
De arrebanhar este horizonte sem limites

Chamado liberdade.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

SELEÇÃO NATURAL



Agora quem cuidará de Lázaro
Jesus já se foi
E um ressuscitado tem necessidades
Que o mundo não quer suprimir
Eu quero mais é fugir
O custo de vida está na hora da morte
E não da ressurreição
Não dá para querer trocar
Os pés pelas mãos
E sair por aí afora
Como se nada tivesse acontecido.
Para Lázaro há novas necessidades
Que nenhum deus humano quer assumir
Eu tenho família: mulher, dois filhos
E alguns animais
E ninguém fez de mim um deus
Pois não sei ressuscitar
Melhor, Lázaro, você continuar morto
Ficar em paz
Esquecer para sempre este mundo
Onde um ser humano se sustenta

Por mil e um milagres.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

ANIMAL FERIDO



Perdido, interiormente perdido,
Entre o céu e o inferno
Animal ferido
No desejo eterno
De ser menino
Que o destino
Não sabe o que quer
Não sabe o que é
Ter amor, ter fé
E caminhar sobre espinhos.


quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

FANTASIA




Olho para cima e admirado pergunto
Por que não voar além do caminho percorrido?
Por que não sair deste impenetrável abrigo?
Ser mais que fera de circo
Mostrar que a força de vontade faz atravessar o deserto.
Vou sorridente, firme e decidido
A ultrapassar o mar, o vale, o campo de trigo.
E na empolgação eu fico
Esqueço que não tenho asas

Não vou além do limite da cidade.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

ARDÊNCIA



Só a maçã

Fresca como a manhã
Pode ser apreciada

Só a mulher apaixonada
Infantilmente encantada
Pode ser saboreada

Pode ser aprovada!

À mulher
É necessária a paixão
Para o fogo arder

Nos amantes.


segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

NOSSO MUNDO



Nosso mundo é assim
De um lado o deserto
Do outro um jardim
No meio um rio caudaloso
Onde um frágil barco

Navega ao sabor do tempo.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

POR CAUSA DO AMOR



Tudo vale a pena
Quando não se apresenta  a dor
Quando o que impera é o amor
E a vida traz sabores
Diversos nas mais belas cores
Que todo o olhar acena.

Tudo vale a pena
Quando dois corpos unidos
Pelo amor são fundidos
Num único. As almas, de prazer,
Elevam-se ao céu, para enfim saber
Toda beleza que a vida encena.

Tudo vale a pena
Se se trilha o mesmo caminho
Palmilhando dos sonhos  e carinho
Quando há encontro e apenas sorriso
Onde os viveres se tornam precisos
E toda dificuldade se torna amena.

Tudo vale a pena

Quando você está em cena.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

OS MISERÁVEIS




Ao longo do caminho as pegadas
Vão escrevendo , com lentidão, a  história
De quem tem as falas apagadas
De toda e merecida glória.

Quando amanhece e o sol  chega
Nenhum sonho se torna realidade
Tudo que importa e se deseja
O necessário para não ter necessidade.

No fim do dia faz-se a conferencia
Entre créditos e débitos nada restou
A não ser  o sorriso e um pouco de amor

Que faz valer a sofrida existência.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

CERTEZAS




Vivo o presente
Mas sei
Que toda dor causada
Todo rancor distribuído
Toda falta cometida
Nublará meu horizonte
E não descansarei
De vida em vida revivida
Vai meu espírito decidido
A alcançar a luz concebida
E sempre revelada.


MEIAS PALAVRAS




O olhar diz tudo
O olhar não diz tudo

É preciso penetrar fundo
Além da visão, além do mundo

O olhar diz
Apenas o que é preciso
Para ser feliz

Só decifraremos o todo
Nas mãos que se miram

Doando

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

MEIAS PALAVRAS



O olhar diz tudo
O olhar não diz tudo

É preciso penetrar fundo
Além da visão, além do mundo

O olhar diz
Apenas o que é preciso
Para ser feliz


quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

À DERIVA



Eu nunca me reconheço

Nasci em sonho e sem realidade
E sobre o signo da revolta.

Nada tenho do que desejei.

Todos acham que nada mereço
Não importa se mentira ou verdade

Vou vendido sobre forte escolta
Nunca fui nada do que almejei.



terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

O TEMPO NÃO VOLTA



O tempo volta
Em todos os detalhes
Em todos os sentidos


A água dos ribeirões
E suas cachoeiras
De brincadeiras e ilusões
Ainda ecoam em meu peito
Nada foi desfeito


Em meu coração
Bate árvores e ventos
E o mugir do gado
Cancionando os ouvidos
E os horizontes infinitos
Voam em meu olhar
Levando-me por estradas
Sem perder a esperança


O presente que passa
À espera do futuro
Se espelhando na criança
Que habita eternamente

Minha alma/mente

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

O PREÇO DE SER ADULTO



Minhas estradas de brincadeira
eu fazia pelos barrancos afora
carregando sonhos de uma infância inteira
nelas os sonhos foram embora.


Agora não tenho mais
o horizonte aberto à frente
por onde os sonhos iam e vinham
com alegria, esperança e paz.


Agora não tenho mais as estradas
para qualquer desejo sempre abertas.
Eram milhares e milhares de vidas
se encontrando em inocentes festas.


Trago agora a prisão do peso
da responsabilidade, do trabalho, a realidade.
Pelas estradas abertas no passado

foram os planos, os sonhos, a felicidade.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

DESEJOS



Quero sempre a liberdade
Uma vida sem amarras
Uma caneta sem ilusões

Quero sempre  a verdade
Um falar sem palavras inacabadas
Um jardim florescendo nos corações


Eu sempre desejei a vida assim
Sem opressão, falsidade, lucro
Apenas um voar manso de querubim

Nada disso alcancei. Para ser franco
Sei que a vida é uma obra pela metade

A caminhar no papel em branco.