sábado, 29 de agosto de 2015

SOLIDÃO III



Quatro paredes
o meu corpo
está aquém
do meu quarto


Mil células
o meu quarto
está além
do meu corpo


E o mundo ensolarado

nem a janela reconhece.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

COLHEITA





é somar nossas espécies
com as estrelas
buscar o planeta
ideal
e infinitamente
desejos e sonhos
semear



é buscar o mar
mergulho de almas
em sólidos atos
colher os frutos

amar

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

QUADRO DIVINO







        Quando o sol chega acordando meu dia
minha alma se banha de iluminada poesia
ouço os pássaros ensaiando melodiosa sinfonia
vejo os desertos do homem se enchendo de vida e
                                                       harmonia.

Os jardins se abrem em incontáveis cores
onde casais sorridentes confessam seus amores
as mãos entrelaçadas à paz cantam seus louvores
sinto que os homens são felizes sonhadores.

A beleza total está a natureza em festa,
a arte do Criador em cada palpitar  se manifesta.
Há porta aberta nos carinhos que ditam o olhar
daquele que ama e sonha, onde a felicidade se
                                              atreve a entrar.

A alegria maior está na indefinível  certeza
que nenhuma tempestade eliminará este sol e sua
                                                        grandeza.
Amanhã novos sonhos feitos de luz servirão

alimentando aquele que tem um poeta no coração.

sábado, 22 de agosto de 2015

ESCREVER



Escrever como o homem
que a semente lança
espera esperança
o fruto incerto
é lago deserto
viver de oração

Terra mar ar
fazendo lençóis
cobrir derrotas

Escrever como o homem
que reparte o sim
na colheita do não
O mais belo jardim
perfumes colorindo
a eterna miragem
Estrela sol luar
trilhar caminhos
soprando vitórias

  
Escrever como o homem
que curou a ferida
ódio orgulho
na beleza do fogo
voando ventania
penumbra do dia
clareando noite.


Terra fogo água
falar do mistério

cantar sagrado.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

NA MULTIDÃO



   
    I

As ruas exalam
o néctar do sexo
o sabor da vida
Admiráveis imagens
em meio ao anonimato
A rua é um resumo
do mundo
A rua é o próprio
mundo

     II

Tantos mistérios
a multidão esconde
Em cada pensar
anônimo
uma sentença
um pensamento
mil sentimentos
Multidão é soma  geral
das loucuras animais

    III

Sempre perdido
animal acuado
solitário
rodeado de multidões
Na multidão há
solidões
Na multidão caminha
o abandono
Na multidão

sempre o não.

        NA MULTIDÃO





   
    I

As ruas exalam
o néctar do sexo
o sabor da vida
Admiráveis imagens
em meio ao anonimato
A rua é um resumo
do mundo
A rua é o próprio
mundo

 










  II

Tantos mistérios
a multidão esconde
Em cada pensar
anônimo
uma sentença
um pensamento
mil sentimentos
Multidão é soma  geral
das loucuras animais

    III

Sempre perdido
animal acuado
solitário
rodeado de multidões
Na multidão há
solidões
Na multidão caminha
o abandono
Na multidão

sempre o não.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

DIVAGAÇÕES DE UM FANTASMA




Não é lúcido cantar a humanidade
nas folhas de papel
se existiu um sonho, é verdade
está agora além do céu.
E os espinhos das loucuras humanas
em apressadas semanas
invadiu toda terra.

Não é lúcido cantar agora
o canto que não foi cantado
no momento exato.

Todos apressados
não deixamos fluir a lucidez
por apenas uma vez.

Não é lúcido o jardim
de bombas e lamentos

quando se inicia o fim.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

MEMORIAL 1992



Há terras,  há serras,  o grito
Horizontes desejados
Pássaros voando, trigais perdidos.

Sonhos falidos !

Decomposições invernais
O tempo doente
Não respira paz

Alto da serra, o fim
Horizontes abandonados
O tiro, o silêncio total

Solidões engaioladas !

As esquinas dos quereres
não respiram vida
As quatro estações

Jamais.

domingo, 16 de agosto de 2015

MINHA VELHA CIDADE



                        para José Anastácio de Assis

Só os velhos exploram tuas casas
agora
o tempo passa lentamente
nos bancos da Praça Ana Angélica
entre jogos e conversas
habitam o silêncio e a paz
em cada esquina abandonada
de tuas ruas hospitaleiras
desapropriadas de tuas pedras centenárias.
O velho Piracicaba
não é mais o mesmo rio vivo
que Antônio Dias de Oliveira desbravou
em busca de riquezas e fama
adormecendo eternamente
em tuas margens.
Já não dizem nada as imagens
pintadas no teto da Igreja de Nossa Senhora de
                                                          Nazaré
onde a solidão estendeu teu domínio.
 Os jovens te abandonaram
em busca de sobrevivência
deixando-te morrer
em lamentos ao progresso
que nunca lembrou deste recanto das Gerais.
Somente na mente do poeta
vives ainda teus dias de festa.
Esse poeta que deseja envelhecer
em teus becos e abraços
e em tuas serras adormecer

sábado, 15 de agosto de 2015

CANTO TRISTE


                        para José Pedro de Assis

Não é meu desejo cantar o lado negro da vida...
Quero combinar meu canto com alegria e dança.
Lanço sementes na terra, alimento-me de
                                                    esperança,
sobrevivo gritando em cada degrau que é a subida ou a 
                   d
                     e
                       s
                          c
                            i
                             d
                               a
deste planeta decepado pelo homem.
Não sou de terra e fogo e água e ar.
Sou de ferro puro, nasci no Vale do Aço !
Mas meu coração, humano, desde cedo aprendeu
                                                          a amar.
 Não sei ficar calado, amordaçado
diante do sonho lennoniano derrotado.


Sou o eterno ponto de interrogação
que a humanidade não consegue responder:
          quem sou ?



de onde venho ?  para onde vou ?
Trago no rosto a velha máscara de palhaço
para falar sério e fazer a verdade reaparecer:
nunca fui mesmo de sorrisos !
nunca fui mesmo de lágrimas !


Não , não posso cantar só flores .
Quem me dera poder !
Quem me dera fosse o mundo transparente em
                            cores , em eterna primavera.
Não existiria o motivo envelhecido, embriagado
deste canto triste

inacabado...

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

MANHÃS (EN) CANTADAS

  


Ah! Juiz de Fora
tuas manhãs encantadas
por Manoel Bandeira cantadas
tão belas, enfeitadas
desde a luz primeira
são momentos primorosos
de calor humano banhados
dispersando qualquer tristeza.

És grande na tua humildade.
És a cidade, com certeza,
das manhãs de liberdade.

És parte das Minas Gerais,
terra de Inconfidente,  de novo amanhecer,
és terra que abriga a paz
para em união viver e crescer.
Sou mineiro e faço minhas homenagens
às tuas manhãs repletas de imagens
que nos traz a vida verdadeira.

Ah! estas tuas manhã encantadas

por Manuel Bandeira cantadas !!!

  

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

OTIMISMO



Nasci de um canto
esquecido
em um tempo
já perdido.
Nasci naquele tempo
em que dizer “te amo”
era falar com o coração.

Ressuscitei nas palavras
gritando sentimentos.
Rebusquei o passado
e mesmo isolado
sozinho
sigo o meu caminho.


O mundo já esqueceu
a conjugar o verbo amar
no presente
        Eu amo
        ...........
       ............
       nós amamos
      ...............   
      ...............


Eu intimista, sempre otimista
fruto do beijo antigo
continuo acreditando
nas palavras dos olhares
e nas frases que os poetas
escreveram nos muros

tentando derrotar o tempo.

sábado, 8 de agosto de 2015

ESTRELA SENTINELA



Sei que quando tu partiste
fostes uma flor que secara.
As outras flores ficaram tristes
por não ter mais a fragrância rara.

Por anos e anos perfumara o lar
trazendo no semblante um sorriso aberto.
E com teu jeito humano de amar
fez cada segundo parecer eterno.

Hoje olho no céu e vejo uma estrela
a brilhar mais perto e mais forte
sei que és tu, pai, no infinito de sentinela

a zelar por teu jardim, por nossa sorte.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

RESISTÊNCIA



No canto escuro do silêncio
meu sonho
no sono
eu zonzo
insisto em dizer sim.


No mais sombrio dos pântanos
o caminho
meu ninho
eu sozinho
insisto em livrar dos espinhos.


Na mais solitária das horas
a lembrança
tenho esperança
eu criança

insisto em acreditar no amor.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

SER ETERNO


Há de se fazer luz
na transparência espiritual
do homem total.

Desprender-se do mundo.
E como um resto de lua
buscar o fim inexistente da rua.

É sempre divisível e fraco
o sobrevivente da massa.
O tempo rápido passa.

Meu desejo de eternidade
trouxe-me a unidade
de quem é alma e alma.

Quero as três portas abertas.
O quarto elemento sou eu.
A morte nunca aconteceu.

Há de se fazer homem total
a transformação espiritual
em busca da Luz.

domingo, 2 de agosto de 2015

OS JARDINS DESTRUÍDOS



Há restos de flores no chão.
A vida passa em lenta procissão
sem cantigas de fé e exaltação.

Há restos de flores no ar.
O perfume do olhar enlouquecido
se perde no tempo, esquecido.

Há restos de flores nos cemitérios.
O meu funeral sem amigos
confina, no escuros, meus abrigos.

Há restos de flores nas bocas.
As minhas palavras loucas
retratam as felicidades poucas.

Há restos de flores no mundo.
E cada habitante deseja sua parte
sem conhecer os sonhos e a arte.

Eu, em meu canto sem luar,
sinto as cores fugindo ao vento.

Tento agarrá-las. Tem derrotas meu intento.

sábado, 1 de agosto de 2015

MINHA REALIDADE



A ilusão da fácil caminhada
confundiu-me a mente.
Tentei alcançar o horizonte
sem praticar a áspera subida.

Mas a verdade mortificante
é uma bruxa a me lançar
num precipício mumificante.
Não consigo me levantar. 

E como viver a vida
com a calma ferida
pelos agudos espinhos
dos impulsivos sonhos ?

Quero namorar a realidade
sem ciúmes e briga
dos casais abandonados.
Tenho desejos de felicidade

que o casamento não abriga.