sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

MUTAÇÃO



Amanhã ... quem sabe
um sonho desvairado
como tempestade, desabe
sobre o mundo.
Que o homem nunca diga
não poder sonhar.
O lado escuro abriga
o desejo de amar.
Não sou em nada
estável, limitado.
A alma abrigada
sempre desenfreada
nunca foi um sonho
acabado.


quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

ENTRE GREGOS E TROIANOS


Os meus dias exalam negrumes
invernos e tempestades e nenhum lume.
Batalhas assim nem mesmo Ulisses enfrentou.


Vagando sob o peso das incertezas, combato
a realidade dos sonhos de paixão e amor.
A armadura de Artur já enferrujada
é meu escudo contra a vida.


Amor ! Uma palavra, nenhum sentido.


Tenho a alma de um ermitão
em meio a sorrisos festivos da multidão.
Descartar o peso das ilusões
é um trabalho para Hércules
e que nenhum mortal consegue realizar.


Na luta entre gregos e troianos
nunca consegui me adaptar.
Caminho, sem destino, sob o olhar dos anos.


EGOISMO INÚTIL



Os livros na estante nada dizem.
O silêncio da noite não consome a realidade.
O som de Ramalho não serve de remédio
se estamos somente a sonhar.
Tudo é mais que um prédio vazio
tão cheio de presenças humanas.
Se se esquecemos o mundo lá fora
todas as mentes tornam-se insanas
esquecidas de vida
de irmãos
de mãos
se inutilmente vamos embora
para o nosso interior.



quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

CORAÇÃO INOCENTE



Em meu velho peito
guardo velhas recordações
de velhas e perdidas paixões
por simples defeito.


É que meu cansado coração
não funciona mais direito:
teima, de qualquer jeito,

acreditar no amor, acreditar na paixão.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

POEMA 1



A fotografia
é a janela
do tempo
inventariando
vivos e mortos.

Quando chegar o dia
de alcançar as estrelas
não quero deixar
nem foto nem olhar
que possa inventariar

meus passos tortos.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

VISÃO


          para Luciana Oliveira


Diz o filósofo
a vida não nos pertence
o destino é quem manda
nas estradas
por onde caminham nossos pés”
Mas o poeta
tão cheio de sensibilidade e fé
não pode acreditar
que o destino
como um moleque – menino
conduz a humanidade para o fim.
Não é o destino, mas os homens
que fabricam armas e guerras
que produz miséria e morte
que têm o poder e vêm do norte
dizer-nos, até impondo com força bruta,
o quê fazermos.
O poeta acredita
e traz consigo o mistério da esperança
que o homem a tudo pode modificar,
que pode fazer de clamores sorrisos
de mãos entrelaçando

corações cheios de amor.

domingo, 26 de janeiro de 2014

NO MUNDO DA FANTASIA




Vou comprar passagem
No trem da imaginação
E ir embora para Pasárgada

Pois sou amigo de Bandeira
E quero deixar este mundo
Sem beira nem eira

Tornaremos confidente um do outro
E sairemos os dois da solidão.
Seremos verdadeiros irmãos.

Vamos tomar cachaça
No mesmo bar, no mesmo copo
E compor juntos inimagináveis poesias.

E no mundo da fantasia
Faremos tudo que aqui é proibido.
Eu, Bandeira e o rei amigo.


sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

DIVINA PRESENÇA




Eu não criei o universo
é sério!
Não sou um deus poderoso.
Todo meu poder
vem do eterno amor
que dedico a você.
E que, apesar da dor,
me faz recriar
um mundo transparente
onde a sua imagem
é miragem

e está sempre presente.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

NESTE EXATO MOMENTO


Meu agora
é um olhar desfolhado
pelo tempo afora
um sol ardendo
infância
mais passado que dia
ouro bruto desejado.


Meu agora
é um olhar condenado
prisioneiro de outrora
esperança admirando
o tempo
e não havia
- em hipótese alguma –
a preocupação da noite
a alma se expandia
suave como pluma.


Meu agora
é um nada
habitante fantasma
da moradia festejada

que já foi tudo.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

SEGUNDO POEMA PELO FIM DOS EXÉRCITOS


Os soldados quando passam
massacram as flores e as primaveras.
Mas como as raízes são mais fortes
que a bala dos canhões
as cores voltam novamente
a perfumar as estradas
e a vida em nova era
refaz lentamente a primavera.


É prova irrefutável que o coração

fala mais alto que a força bruta.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

SOLIDÃO III



Quatro paredes
o meu corpo
está aquém
do meu quarto


Mil células
o meu quarto
está além
do meu corpo


E o mundo ensolarado

nem a janela reconhece.

domingo, 19 de janeiro de 2014

SÉCULO XXI


O mundo de progressos me assusta,
tanta miséria pelo caminho afora.
Fico incrédulo. Penso aqui e agora
luta homem versus natureza é injusta.


Sim ! Acabará a vida sem demora.
Verde com máquinas nunca se ajusta.
A criação  de Deus não é mais augusta
loucuras mil cometidas a toda hora.


Tantos esqueletos famintos na sarjeta
tantos desertos se formando no planeta.
Tantas guerras! E a paz, que a vida namora,
Cansada, desista de lutar pela vida e vá embora.


A competição pelo ouro é tão louca,
a esperança de salvação é tão pouca.
Amanhã talvez não haja mais aurora...

Amanhã talvez não haja mais história...

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

EU

 


Sou parte natureza verde
e sou parte poluição.
Sou parte multidão
e sou parte solidão.
Sou parte campo
e sou parte cidade.
Sou parte amor
e sou parte saudade.
Sou parte dor
e sou parte felicidade.
Sou parte que luta
e sou parte que cruza os braços.
Sou parte abraços
e sou parte despedida.
Sou parte chegada
e sou parte partida.
Sou parte dia
e sou parte noite.
Sou parte abundância
e sou parte carência.
Sou parte luz
e sou parte escuridão.
Sou parte paz
e sou parte guerra. 
Sou parte céu
e sou parte terra.
Sou parte real
e sou parte sonho.
Sou parte conhecido – poeta
o resto é tudo estranho.


quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

COLHEITA




é somar nossas espécies
com as estrelas
buscar o planeta
ideal
e infinitamente
desejos e sonhos
semear



é buscar o mar
mergulho de almas
em sólidos atos

colher os frutos

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

PESSIMISMO



Não sei por quanto tempo
durará
este temporal
a despejar
a desejar
notícias ruins
sobre mim.


Se hoje faz frio
jaz frio
me esfrio
és frio
o olhar
de quem quer
sabe lá
se acabar
me acabar.
  

Me sinto inteiro
na lama
afundando
como se o tempo
me olhasse
e devorasse
minha vida
e minha alma
auto consumisse


Viro a página
e encontro
a mesma escrita
a mesma história
o mesmo fim
de minha existência
que se finda
que se finda...


quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

O EU DESPIDO


Sou mais que um simples grito
na solidão. Não o vazio do deserto
sem oásis, mas  a verdade da cama
nua, sem a presença de quem se ama.

Sou mais que o sol na noite
escura e a lua no claro do dia.
Um pedido de socorro no açoite,
nos ossos do ofício da rebeldia.

Sou o pássaro vivo vivendo
o presente. Chama incendiando
corpo e alma. No fogo se consumindo
de amor, vou nas horas mendigando.

Sou tudo isto na fonte declarada.
Água poluída que desce o precipício
procurando a pureza do mar, não encontrado.

Sou mais que tudo. Sou o Vazio, sou o Nada.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

SEM TEUS BRAÇOS COMO ABRIGO




Meu olhar é uma batalha
entre o sorrir e o sofrer
tento resistir, não consigo.
Sem teus braços como abrigo
fica sem sentido meu viver.

A vida passa o fio afiado da morte
em minha garganta sem se decidir:
tudo em minha volta me leva ao léu.
Sem teus braços como abrigo
para mim não existe céu.

Vivendo sem nenhuma alegria
que possa iluminar minha existência
todo meu ser é louca escuridão.
Sem teus braços como abrigo
existo sabendo não ter salvação.

Vivo no passado desejoso do futuro
com um triste viver em cima do muro
meu coração sonha com o presente...
Sem teus braços como abrigo

consciente da dor, quero a morte.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

PERDIDO


Às vezes perco
No cumulo de minha impaciência
O direito sagrado à Poesia.
Não há palavras em meu olhar.

Elas vêm. Eu por timidez ou decência
Não realizo o dia
Não reconheço o lugar

Por minha culpa, minha única culpa
Toda poesia decente

De mim se expurga.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

CERTEZAS





Vivo o presente
Mas sei
Que toda dor causada
Todo rancor distribuído
Toda falta cometida
Nublará meu horizonte
E não descansarei
De vida em vida revivida
Vai meu espírito decidido
A alcançar a luz concebida
E sempre revelada.


domingo, 5 de janeiro de 2014

MEIAS PALAVRAS

     



O olhar diz tudo
O olhar não diz tudo

                É preciso penetrar fundo
                Além da visão, além do mundo

O olhar diz
Apenas o que é preciso
Para ser feliz

                 Só decifraremos o todo
                 Nas mãos que se miram

                Doando

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

TRABALHADOR RURAL





É ingrato o oficio
De tirar o sustento
Da terra
E morrer de fome


E construir um edifício
De puro vento
Que encerra

Um ser, um nome.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

ELOGIO NÚMERO 6






Assemelham-se às horas
Meu pranto
Gota a gota
Vai contando a vida
E suas misérias infindáveis
Não há como recolher-se
A um canto
E ficar no anonimato
Pois assim como as lágrimas
E as vilezas humanas
O tempo não pára.


quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

LUCRO




Meu avô morreu
Após noventa anos
De aventuras.
Meu pai
Assim que passou
Dos sessentas
Foi pastorear estrelas
No infinito
Assim
Pelos passos da lógica
Já estou lucrando
Alguns anos
Que meu coração
Teima

Em continuar batendo