segunda-feira, 29 de julho de 2013

AMOR DE PERDIÇÃO




Escrever posso eu, mil versos, eu sei
Para falar do meu amor por você
As palavras são livres, velha lei,
Mas nunca vão descrever todo o sofrer


Há noites sem dormi, horas a esquecer
Eternos desejos por seu corpo e alma
Ser seu senhor, seu escravo, meu querer
Só com sua presença meu olhar se acalma


Neste purgatório vou assim sobrevivendo
Todas as dores do amor eu vou sofrendo
Sôfregos passos caminhando ao léu


Sonho, no futuro, ser correspondido
Num segundo todo passado esquecido
Em seus braços ser elevado ao céu

sexta-feira, 26 de julho de 2013

NORMALIDADE




Fazer da miséria
A fuga
Com ar de gente
Séria


Deus não enlouquece
Porque não conhece
A solidão da rua
O anoitecer sem lua.

terça-feira, 23 de julho de 2013

MORRER



Secam-se
Os movimentos
No jardim

O perfume
Foi assim
Perdido

Isento

Não há
Débito
Crédito

Só um nome
Apagando-se
Lentamente

Um dia
Acordando
Sem nuanças

Desfaz
Mansamente
As lembranças

segunda-feira, 22 de julho de 2013

MEU OLHAR SOBRE TERESA



Eu não vi Teresa
Com o mesmo poético olhar
De Manuel Bandeira

Eu já enxerguei Teresa com o coração
Logo na vez primeira!

A segunda vez que vi Teresa
Achei tamanha sua beleza
Que meus olhos não souberam o que falar.


Para ela era pura brincadeira
Para mim não mais houve céu
Nem mesmo um pedaço de terra


Apenas o abismo do abandono
Onde toda vida se encerra.

sábado, 20 de julho de 2013

ENTREGA



Caminhar
Por tuas estradas
Tortuosas

Explorar
Tuas curvas
Sinuosas

Saciar
Todo deserto
Em teu olhar

Invadir
Teu pensamento
Teu olhar

Descobrir
Por onde anda
Teu coração

Entregar
Minhas forças
Em tuas mãos

sexta-feira, 19 de julho de 2013

DECEPÇÃO



Desejei ser guia
Passar pelo norte
Encontrar alegria
Sol brilhante
Em qualquer dia

Desejei ser ponte
Atravessar o açoite
Penetrar na harmonia
Ser a fonte
Que a sede sacia

Desejei ser o mundo
Servir-lhe de abrigo
O bom aconchego
Descobri, num segundo,
Fui deserto e cego

Pedra pode ter dureza
Mas nunca terá beleza.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

ESPAÇONAVES DE PAPEL


A nave
Risca
O espaço
Buscando
Os céus
Imaginários.
Muitos astronautas
Embriagados
Pelo amarelo solar
Apagam estrelas,
Deixam sequelas
No infinito.
Mas nós
Do prazer
Visionários
Somos domadores
De infernos e purgatórios,
E queremos alcançar
O Monte Olimpo.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

HOMEM TOTAL


Meu olhar caminha pelo céu
Pastoreando planetas e estrelas
Num piscar de portas e janelas


Há sonhos que vão
Há sonhos que ficam
Há sonhos que retornam
Há sonhos que se perdem
No emaranhado de sonhos e desejos
Há sonhos que se transformam em perdas e danos


Mas o olhar é bicho teimoso
Não aprende com as decepções e enganos
Quer um dia se transformar em céu
E domesticar planetas e estrelas
Num abrir de portas e janelas.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

A CAMINHO DO DESERTO



Sempre tive
Mil beijos
Guardados para você
Mas foi preciso
Adormecer
E sonhar
Nas estrelas
Por onde estive
Brilharam desejos
Em diversas aquarelas
Ao acordar
Vi que os lábios seus
Tinham secado o mar
E fui dizendo adeus
A caminho do deserto.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

DEVOÇÃO




Tenho os joelhos no chão
E as mãos para o céu
Implorando perdão.
O tempo passa,
Você me mantém no inferno
Sem piedade da minha desgraça.

Um coração sangrando
Merece ser olhado
Mas em meu calvário
Não há ressurreição.

Pelos teus lábios vou sonhando
Num sim sempre adiado
E nas contas do meu rosário
Ficam as preces em sua devoção.

Tenho sede
Que só teu corpo
Pode saciar.

Em toda tarde
Encher o copo
Na fonte do teu amar.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

AS VEIAS ABERTAS DA SAUDADE




Quase vida
E o mar morto como destino
Trazendo no leito sementes
De erosões e chagas
Reabertas
Para trás águas passadas
Que não renovam
Esperanças
Apenas lançam
Respingos de sangue
Na face
A escorrer alma adentro
Até atingir os sonhos

quarta-feira, 10 de julho de 2013

INCOMPREENSÃO



São poucos os que entendem minha arte
Arte que é pedaço, é parte
De minha alma solitária.


São poucos os que entendem minha alma
Alma que é variedade, é parte
De minha ideologia igualitária.


São poucos os que entendem
Porque entendo tão poucos.
Somos todos loucos.

E nesta loucura fatal
Vai crescendo a torre de babel.
O mundo queimando em cinzas
Nos restos de mel.

São poucos os que entendem minha arte
Os meus olhares tristonhos
Meu mundo cheio de sonhos.

terça-feira, 9 de julho de 2013

NO MUNDO DA FANTASIA


Vou comprar passagem
No trem da imaginação
E ir embora para Pasárgada

Pois sou amigo de Bandeira
E quero deixar este mundo
Sem beira nem eira

Tornaremos confidente um do outro
E sairemos os dois da solidão.
Seremos verdadeiros irmãos.

Vamos tomar cachaça
No mesmo bar, no mesmo copo
E compor juntos inimagináveis poesias.

E no mundo da fantasia
Faremos tudo que aqui é proibido.
Eu, Bandeira e o rei amigo.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

O EU DESPIDO



Excluo de todo o corpo os sentimentos reais
Para sonhar, fugir e sonhar
E alcançar a paz
Jogo fora toda verdade do mundo
Colocando em prática minha própria verdade
Desejoso de encontrar a felicidade
Nenhum pensamento meu é comandado pelo coração
Faço e crio meus loucos e ousados pensamentos
Na tentativa de fugir da solidão
Não preocupo com os deuses humanos
Nem mesmo com qualquer religião organizada
Meu Deus vive presente em todos os planos.
Se amo hoje, amo com sofreguidão,
Amanhã posso descobrir que tudo é simplesmente paixão
E deixo que vá com o vento
Seguir seu caminho oposto ao do meu coração
Mais importante que a vida é o momento de criação
Que eleva a alma a um plano superior de existência.
Por isso só vivo quando crio
E se crio é por que vivo.

domingo, 7 de julho de 2013

POEMAS DO AUTO EXÍLIO


POEMA 1

Nos galhos sem folhas
Outono pousa suas asas
Nas vastidão do campo
Na imensidão do espaço.
O ser solitário
Procura em vão um abraço.
Não sabe onde encontrá-lo.
E a primavera que demora
A florir nos campos
A colorir de verde os galhos
A alegrar o coração hibernado.



Poema 2


Sou estrangeiro
Em minha própria terra.
Em cada rosto um inimigo
A declarar-me guerra.
Me auto exílio ...
Procuro abrigo em terras distantes
Mesmo sem saber o futuro
Que me aguarda.
Não há motivo para o medo.
Em cada canto do país estrangeiro
Há um sorriso de recepção
Um “ bom dia” como mensageiro
E em cada rosto um irmão.
É só deixar se contagiar
Pelo poema que existe no ar.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

ESTILO


Não posso mais dizer poemas de louvores.
Fui corroído pelas dores
Todos esses horrores
Que enegrecem o mundo.

Fui jogado na sarjeta
Em desespero e dor
Ver o povo trabalhador
Passar fome e frio
Sem teto
nem mesmo em palafitas –
enquanto os parasitas
festejam com banquetes
nos palacetes

meu Deus! Meu Deus! Meu Deus!
Que palavras posso assim dizer?
Queria fazer um poema falando de flores
Minhas mãos não atendem meu desejo
Ela chora noite e dia
lágrimas e versos-
em sintonia com os pobres mendigos
que no mundo só conhecem o açoite.



Não, não me peçam um poema lírico byroniano.
Mesmo amando e estando apaixonado
Tenho de dizer a verdade
a mais triste –
é a nossa crua realidade
até que o trabalhador
de qualquer raça e cor –
seja um povo liberto.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

NOITE INTENSA



Ainda é noite
Ainda existe na rua
Aquele absoluto vigiar

Armas vigiam cada momento!
Patrulhas espiam cada movimento!

Existe aquele falar contido
O encontro não realizado
E o medo alienante das fardas
Comandando pés e mãos
Fabricando silêncios
Confinando consciências
E ações

Mas do dia resiste
E clama por seu lugar.

É todo domínio falho
E existe a mínima parte
Que no agir diferente é.

Parte que é resistência
Buscando liberdade

Criando razão de existência.

terça-feira, 2 de julho de 2013

A CIDADE E SEUS HOMENS



A cidade acorda
O dia ainda briga com a noite
Começam as horas de alegria e açoite
Homens-formigas que vêm e vão
Pelos caminhos rotineiros
Solitários, preocupados, companheiros,
Sempre à procura do pão diário.

Um bom dia ali, um olá de lá
No primeiro boteco uma cachaça antes do batente,
Rostos tristes se fazem passar por contentes
À mostra estão a marcas das preocupações .
É o pão de cada dia, a educação do filhos,
O aluguel, a água, energia elétrica, taxa de lixo, gás
Imposto disto e imposto daquilo,
Preocupações continuas e intermináveis.
Rádios gritam as notícias.
Máquinas apitam seus movimentos.
Homens robôs e seus forçados pensamentos
Fazem a rotina continuar.


Prédios se levantam, casas se derrubam,
Estradas e ruas se asfaltam,
Casebres que surgem nas favelas,
Pontes que dividem populações
Ruas cortando corações
Num eterno e constante formigar.


Os partidos dividindo multidões,
Consciências divididas por ideologias.
Misérias e luxo batendo às portas,
Fome de fome chegando nos fogões,
Fim de sonhos, a realidade é nua
E alimenta suas maldiçoes.

A poluição sufoca seres já sufocados,
O padre prega sua mentira de cada dia,
O pastor vende em leilão sua santa mercadoria,
A falta de espaço fabricando a especulação imobiliária
A policia defendendo seus ladrões e prendendo inocentes,
O político pregando suas falsas e velhas promessas
E as discriminações continuam ditando velhos ditados


Nas filas a experiência espera
Numa espera de não-se-sabe-o-quê
A cidade continua sua rotina
A cidade acorda
E seus homens continuam dormindo
Seus sonhos de mentes entorpecidas.

A Cidade dorme...

segunda-feira, 1 de julho de 2013

USO E ABUSO



Você chegou
Jurando amor.
E eu que lhe amava
Tanto, entrei no jogo
Sem saber que depois
O pranto seria maior
E mais intensa a dor.

Fui jogado fora
Como se joga
Um papel de bala
Inútil
Sem seu doce conteúdo


O vento
Para longe arrastou
O resto de vida
O sonho de amor
Que antes habitava meu ser.