sexta-feira, 29 de junho de 2012

COLAGEM





Não posso dizer
que a vida
seja minha
seja tua
seja nossa
A vida
é um objeto
do silêncio
Um poema
ainda não lido
Um conto
sendo escrito
letra a letra
Um fundo negro
onde usamos
a absurda técnica
da colagem


em " Outras Faces"

quinta-feira, 28 de junho de 2012

DESESPERO


        



A chuva insistente
na janela bate
e aqui a tarde
me faz sonhar
novamente
e desejo rever
aquela estrela
e relembrar
o desejo de voar
unir terra, céu e mar
o mar perdeu a cor
o céu é só escuridão
na terra
nenhuma marca ficou
saudade
e a tarde chuvosa
tudo que restou
a chuva que bate
na janela
me traz a tarde
e aquela estrela
do meu sonhar



em Outras Faces

segunda-feira, 25 de junho de 2012

PERDIDO








Eu
caminhante
do meu passado
presente
nunca sinto
o instinto
da morte
que presença
marca
na velha crença
da macaca
pulando
de galho em galho





o meu passado
é só um presente
ausente
vozes antiquadas
aniquiladas
em pardos sorrisos
abarrotados
de desejos
derrotados


não comi
o ontem
impedido estou
de mastigar
qualquer imagem
do agora


onde está
diga lá
o amor ?

sexta-feira, 22 de junho de 2012

CORPO DE MULHER




Em teu corpo de tantas curvas
Há risos, lágrimas, pedras, flores
Há o caminho necessário


São vias ora claras, ora turvas
Me levando a vários sabores
O sempre desejado itinerário

quinta-feira, 21 de junho de 2012

BRASIL 500 ANOS


    
Tenho palavras espalhadas
de todas as cores
cor do Pau Brasil
cana-de-açúcar
ouro
esmeraldas
café
num fantástico balé
de formas e flores
na tentativa de formar uma raça


tenho lágrimas derramadas
de todas as dores
dor de ser índio
negro
branco
cafuzo
mameluco
mulato
num caldeirão de opressão
na tentativa frustrada
de formar uma nação.


Tenho a luta espelhada
em várias mãos
mãos doadoras
de vida e de esperança
nos gestos eternos
de Felipe dos Santos
Tiradentes
Frei Caneca
Castro Alves
Marighella
e todos que dispersaram
o nevoeiro escuro
na certeza que um dia
haverá um futuro



quarta-feira, 20 de junho de 2012

ANTI-ODE À SOLIDÃO







Percorri todas
as estradas
conheci o bem
e o mal
muito além
do espaço sideral
mas qualquer caminho
é apenas aviso
sempre impreciso
que é terrível
até mesmo impossível
caminhar sozinho

em " outras faces"

terça-feira, 19 de junho de 2012

ROTEIRO


    




Sopra o vento
Seus velhos sons
Em meu coração


Num momento, atento,
Elevo os tons
Em cada canção


Mas o passo é lento
São poucos os prótons
No silêncio da criação

            em " outras faces"

domingo, 17 de junho de 2012

FOI-SE O TEMPO DAS FLORES




Foi-se o tempo das flores...
Tudo que meu peito traz
É o cinzento outonal
E aquele sorriso teatral
Pela total falta de paz


Foi-se o tempo das flores...
Meu coração sonhador
Aguarda o tempo passar
E toda ferida se curar
Procurando um novo amor


A esperança é que a primavera
Um dia, radiante, retornará
Nunca morreu, nunca morrerá.

         em " Outras Faces"

sábado, 16 de junho de 2012

CANÇÃO PELA VIDA DE ERNESTO CHE GUEVARA




Ernesto foi morto
cravejado de estrelas
que todo seu corpo
tornou-se céu para elas.


Ernesto foi morto
pela morte dos eternos,
daqueles que enfrentam
páginas de nossos cadernos.



Ernesto foi morto
mas vive nas milhares
de palavras e gestos
que espalhou nos ares.



Ernesto foi morto
por puro engano.
Os heróis não morrem
escalam sorridentes os anos.


É puro engano
dizer que Ernesto foi morto.
os poetas são eternos
como o próprio abandono

em " Espólio Esdrúxulo"

sexta-feira, 15 de junho de 2012

REVOLUÇÃO







Preciso contar as estrelas
e encontrar meu céu. Minhas janelas
fechadas de ontem e sem saber
qual futuro encontrará você,
precisam abrirem-se como um dia
que amanhece cheio de alegria
no cantar dos galos, pássaros e homens.



Não quero novamente as miragens
que enganam o presente. Meu desejo
ultrapassa os horizontes do beijo
do filho primogênito. Procuro
meu céu muito além do muro.
E contando assim minhas estrelas
possa abrir, sem medo, todas as janelas.

       em " Espólio Esdrúxulo"

quinta-feira, 14 de junho de 2012

SEM SALVAÇÃO




Ouço um nome
no meio da noite
e um brilho de fogo
que consome
na brasa do querer
nossos corpos


não há como fugir
o desejo é forte
e traz nos calcanhares
o beijo e o porvir
descortinando horizontes
transbordando velhos mares


e nós
náufragos
ainda não encontramos
a ilha da salvação

           em " outras faces"

quarta-feira, 13 de junho de 2012

POR AMOR




Quero acordar no dia seguinte
Com pássaros cantando nos lábios
E flores desabrochando no coração

Quero acordar no dia seguinte
Já trilhando o caminho certo e necessário
E vozes conhecidas ditando a razão

Quero acordar no dia seguinte
Na certeza que nosso amor continuará
Muito além de uma aventura de fim-de-semana

Quero acordar em todos os dias seguintes
Com beijos, carinhos e palavras a demonstrar
Todo amor que do meu peito emana

E só você poderá me fazer acordar no dia seguinte
Sem ressaca, sem rancor e sem amargura
Sem conhecer novamente o vazio de minha rua.



  em " outras faces"

terça-feira, 12 de junho de 2012

SOMOS TODOS ESTRELAS




As estrelas incandescentes se misturam às figuras admiradas e chocadas que não mais se movem.
É um mar de luz que deveria clarear as idéias dos
governantes e salvar homens, animais e vegetais.
Mas nunca admiramos o suficiente a música do
Cantor Universal
E assim vamos caminhando rumo ao precipício.
Uma bomba de miséria varre a África e outra de corrupção assola a América Latina.
Nada fala mais alto que as flores muchas da Etiópia e o solo queimado do Nordeste Brasileiro.
E nada de lançarmos semente de paz e esperança e um pouco de água de humildade.
Estamos a buscar astros no universo enquanto nossas estrelas se apagam lentamente.
Vejo todos admirados com o infinito enquanto a poesia diária nunca é lida e vivida.
Ah, o mundo, vasto mundo !
Não o merecemos pois nunca conseguimos ser realmente estrelas a enfeitar o infinito,
Como poucos, desejaria fazer de cada ser humano uma estrela acesa formando um único cometa viajando em única orbita.

em "Outras Faces"

segunda-feira, 11 de junho de 2012

SOZINHO




Sinto no peito um vôo de pássaro
a buscar sol e lua
a certeza que o mundo
vai além de minha rua
Sinto no peito um bater de asas
e a impossibilidade de alcançar horizontes
vivo sempre prisioneiro
de uma ilusão de outro verão
cheio de desejos em chamas e mente em brasas.
E agora tudo é frio
como águas paradas de um rio
que não alcança o mar.

 em "Outras Faces"

domingo, 10 de junho de 2012

DIVINA PRESENÇA





Sempre há uma Luz
Que nos guia no caminho
Tornando mais leve a cruz
Menos pontiagudo o espinho

Sempre há uma flor
A perfumar de esperança
A estrada. E com amor
Acaricia-nos com perseverança


Sempre há aquele olhar
Trazendo paz e harmonia
Que tem a mansidão no falar
E em cada gesto alegria

Sempre há um braço forte
Ajudando-nos a carregar a cruz
Que não deixa faltar a sorte
Sempre é amigo, o Mestre Jesus.

              em "Outras Faces"

sábado, 9 de junho de 2012

AMIZADE SINCERA



Para Jocimar Álvares Bueno



Lições
com ações
são (pa)lavras de ouro
salvando a alma
dos sedentos de Vozes
ditando os momentos
além
das humanas indagações



Os atos
são veios de ouro
na mina do coração
sempre abertos
colhendo
néctar da vida
nos gestos
nas emoções


Na amizade
o viver jaz
nas palavras de apoio
separando trigo do joio
trazendo certeza
que a quatro mãos
é viável a beleza
levando o mundo
à paz

                          em outras faces"



sexta-feira, 8 de junho de 2012

PASTOREIO DE SONHOS


                          Eu fui
                 Além do concedido
                 Ao homem comum

                           Incomuns
                  São raras exceções
                  Drummond e Quintana
                           Restantes
                  Somos todos regras


                             Mas
                 Nada há que impeça
                     O avançar do sinal
                 Nem escrito sagrado
                 Nem bula papal
                             Obedeça
                 A própria vida
                 Fazendo caminhos
                 Entre campos e cidades
                 Pastoreando sonhos
                 Acompanhado ou sozinho



                            Eu fui
                    Além do concedido
            Ao homem nosso de cada dia
                   Por não conformar
                Em seguir apenas o rio
                     Sempre desejei
                   Fazer parte do Mar

                                            em " outras faces " 

quinta-feira, 7 de junho de 2012

PÁTRIA AMADA


Tenho a impressão
de estar sempre partindo,
buscando irmãos em outras terras.
Mas não. Nunca parto não.
É só minha alma fugindo
de todas as guerras.



Como posso fugir? Minha paz
Sempre habitou em Minas Gerais.
Minhas folhas de alegrias
têm raízes em Antônio Dias.
 E a vida só não acaba
pois em minhas veias corre o Piracicaba.

              em " Outras Faces "


quarta-feira, 6 de junho de 2012

QUERO ACORDAR EM TUAS MÃOS


        


Quero acordar em tuas mãos
e sentir a vida em festa.
Saber que não são apenas sonhos
os beijos, os abraços, o amor
que une nossas almas no espaço.

Quero acordar em tuas mãos
e enxergar o jardim perfumado,
mundo dos amantes correspondidos.
Sentir que não é ilusão
a essência de felicidade e paz
a invadir-me o coração.

Quero acordar em tuas mãos
e conhecer os sorrisos
de lábios que se beijam apaixonados.
Conhecer a beleza de um lar
onde habita o futuro
no cotidiano da vida a dois.


E depois de acordado
unir ao corpo teu
viajar por estrelas e planetas,
conhecer o paraíso
de quem pode adormecer
sem temer a solidão do amanhã.

             em " entre flores  e espinhos "

terça-feira, 5 de junho de 2012

TROVAS



Passaram cem primaveras
em clima de paz e amor.
Ibiraçu eu quisera
dedicar-te meu amor.

Nesta data memorial
quero dar-te os parabéns:
Ibiraçu jovial
mesmo completando os cem.

Quero gritar ao irmão
para salvarmos a terra:
muita paz no coração,
nosso futuro sem guerra.

O vento bateu na folha
ditando seu último adeus.
Lá no campo, sem escolha
morreram os sonhos meus.


Foi só sonho é bem verdade
desejei tê-la comigo.
Vivo na infelicidade
sem teus braços como abrigo.


Paz ! palavra que lição
traz a todo planeta:
na derrota do canhão
é lavrada sua meta.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

POEMA AUTOBIOGRÁFICO


Há nesta estrada muitas pedras no caminho
e muitos lamentos nas mãos
há nesta estrada muitos espinhos entrecortando noites
e muitos desejos decepados
há nesta estrada muitas esperanças assassinadas
e muitas infâncias perdidas
há nesta estrada muitos edifícios inacabados
e muitos rios desviados
há nesta estrada muitos planetas inexplorados
e muitos luares adormecidos
há nesta estrada muitos passos desgovernados
e muitos horizontes desmatados
há nesta estrada muitos mundos sem histórias
e muitas palavras mudas
há nesta estrada muitos dias impenetráveis
e muitas canções imusicadas


há nesta estrada minha existência...

             em " Floração de outono"



domingo, 3 de junho de 2012

MORTE SENTIMENTAL

penso que hoje é domingo
quero tomar vinho com os amigos
tirar meus medos de seus abrigos
e espalhá-los pelas mesas do bar.
quero fingir que o ontem não passou
que o amanhã nunca chegará
quero colorir o presente
com o vermelho tinto
do vinho de minhas veias
ninguém enxergará  direito
minha momentânea morte sentimental.

           em  " no encontro das horas"

NO ENCONTRO DAS HORAS

no encontro das horas
desencontram vidas.

há fadigas em toda parte
nada sobra de arte.

a esperança que não chegou
a engatinhar
morreu de opressão
levada pelo mar.

no mundo não se encontra mais
alegria, amor, aceno e paz.

há desencontro de vidas
no lento passar das horas.

os sonhos de ontem...
hoje apenas miragens.

as sempre novidades aqui na terra:
fome, morte, competição, guerra.

destruíram-se os muros
construíram-se fronteiras
para a vida
as mesmas barreiras.

há um passar de vida
no encontro das horas.

INÚTIL

não vou dizer mais nada!
que as palavras se calam
            para sempre
esquecidas em meu bolso.

existe agora
                    a hora
que em cada segundo
é dor
e no lamento dos ponteiros
               desconhece
a longa estrada à frente
ou a cama disponível  da morte.

não tenho mais passos
somente espaços vazios
           cães vadios
que não ladram para a lua.

só tenho a rua
e a esquina
que ao nada se destina.

              em " no encontro das horas"

EM SILÊNCIO

deixei o tempo
de cantar
preso na gaiola
sem ser pássaro
sem poder voar

voar é questão
de encantamento
o espírito vai
de estação em estação
ao sabor do vento

mas desaprendi
         a voar
e meu canto
não quer mais
             falar
de amor
de solidão
de paz.

              em " no encontro das horas"

SUTILEZAS

meu olhar
explicando
o desejo
que no corpo
amanhece

teus lábios
sorrindo
o prazer
que em cada
querer
acontece

amor total
em encontro
nada casual.

           em " no encontro das horas"

RADIOGRAFIA

eis minha dor
um mundo em guerra
deserto em toda terra

eis meu amor
dois filhos presentes
iluminando semblantes

eis minha luta
poesias lançadas ao vento
procurando abrigo do lamento

eis meu desejo
mãos entrelaçadas
Cristo em todas as moradas

eis meu sonho
mundo sem muro e fronteiras
paz e alegria verdadeiras

eis meu tudo
um nada na mão
muita ilusão no coração.

               em " no encontro das horas"