quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

A VIDA É BELA


Meu coração
Derrama lágrimas
Por este meu povo sofrido
Sempre vivo de esperança
Pura teimosia
Sobrevivendo de dor
E de milagres.
No corpo tantas vezes crucificado
Ainda nascem
Sorrisos
Flores de oferenda e agradecimentos
Por simplesmente estar vivo.

Tenho subido o morro
Anos a fio
Vã tentativa de atingir
O inatingível horizonte.
Socorro!
Não há estrada
Nenhuma ponte
Eu quero descer...

É imperioso tentar
Outros caminhos.

Nunca desistir!

        Magno Assis

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

AGONIA

Quase 50 anos passados pela vida
Nada de sorrisos, é a pura verdade
Caminhei modesto pela estrada
Que sempre teve uma única direção
E definitivamente foi a contramão.

Tentei semear versos
Como plantar flores em jardins
Mas em terreno assim tão ruim
Só brotam ervas daninhas e espinhos.

A descendência, esperanças no realizar dos sonhos
Nunca me ouviu, tinha outros planos,
Mas nenhum com a minha boa vontade.

Queremos ver nos filhos um espelho
Que há muito se partiu
Vejo minhas ilusões por terra caírem
E fico aqui sentado
Isolado e decepcionado.

Quase 50 anos e ainda não descobri
O por quê de estar aqui.


                   Magno Assis

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017


 SÍNTESE




A existência toda

Ao acaso jogada

Cabe no verso

E ocupa o universo



Cabe o engenho do meu avô

De cabelos brancos, no comando

Os sonhos do primeiro amor

Que na timidez foi se perdendo



Uma vida toda

É quase nada

É cedo e é tarde

Numa palavra cabe.



Uma vida sem louros

Sem prata ou ouro

De lutas infindas

Perdidas buscas a tesouros.



Missões descabidas!

  

É toda uma vida

Mesmo sem saber

Que gosto a vitória

Possa ter.



Nascer, viver, morrer

Nada além

Do já escrito.

Mesmo outro querer

Outra imagem

Não vinga

É duelo proscrito.


                             Magno Assis

domingo, 10 de dezembro de 2017


CANÇÃO PARA CELBRAR A VIDA






Eu sou o deserto estéril

A estrada velha que não passa por este chão

O fogo da queimada que mata a vida

Eu sou o escorpião, a serpente

O vírus que marta silenciosamente

Eu sou o norte-americano que aprisiona a liberdade

Eu sou o relâmpago que traz a tempestade

Eu sou a peste, a fome, a opressão

Que faz a vida ser vivida pela metade.



De nome e profissão sou cristão

Mas meu deus sempre foi a riqueza

A bíblia é minha mina de ouro.



Eu sou o rio que nunca chegará ao mar

Eu sou a bomba que explode

Matando somente inocentes

Eu sou a noite que nunca amanhece

Eu sou o dia com eclipse total

Eu sou o norte,

                      Eu sou o ponto final.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

DILEMA




Sempre há uma estrada
Que leva ao centro da cidade

Eu prefiro a periferia.

Eu sou do campo
E sobrevivo do centro urbano
Por isto esta indecisão
Que carrega toda a felicidade

            Magno Assis

terça-feira, 28 de novembro de 2017


DESTINO




                    I

O que deveria ser

Vastidão verde

É sempre tão desértico

Como a tarde

E em sua eterna presença

Mal o sol brilha

A noite tudo enegrece

Mal que a alma padece

Não tem cura

Nunca haverá salvação!

Vai andarilho

Percorrer estradas sem fim

Amanhã não haverá ida

E o olhar perdido

Manchar-se-á

De nuvens e trovões

É Antonio Dias que desaparece

Da memória e fotografias

Para quem nasceu

Burro de carga

Assis morrerá

A porta para a felicidade

Nunca abrirá.





              II



A vida não me mostrará

Outros caminhos

Pelos quais trilhar

Diferentes horizontes

Fico a mirar

Mas nunca sei

Como lá chegar.



O meu viver se exilou

Numa terra de espinhos

Prisão difícil de escapar

Como seguir em frente

Se nunca sei onde pisar

Mesmo sem fé pelos cais orei

Nem deus pode me orientar



A vida não quer entregar

O direito de viver e  sonhar.


                              Magno Assis

quinta-feira, 23 de novembro de 2017


CAI A LONA

Antônio Dias ficou
na lembrança
da infância
deixei os meu sonhos
no alto da montanha
e desde então
o desespero me acompanha
a minha vida
que o Rio Piracicaba levou
não sei para onde
agora, peregrino errante
não sei em que porto chegar.
Caminho já não há !!!
tudo vai se embaraçando
na retina do passado
tudo que restou
uma existência sem sabor
um palhaço desolado.


               Magno Assis

sábado, 18 de novembro de 2017


RENDIÇÃO








Minha pena está calada

Da luta e da guerra está cansada

Sem horizontes, janelas, quintais

Anseia por um minuto de paz.



Calar-se, sempre é o morrer

Neste país do carnaval e futebol

Não faz abrir, para todos, o sol

Não traz a realização do querer.



Morrer. Morrer assim tão completamente

Que depois do coração parar

Nada, nada mais sobreviverá

Nem uma palavra

         Um sonho

         Uma vontade.

quinta-feira, 16 de novembro de 2017




MENINO






Pela rua deserta

Passeia o menino

E a lua

Companheira de destino

Outro astro desfigurado

Traz luz de outro alguém

Não vence nuvens

Não convence estradas.

Há outros mares

A serem navegados

As ilhas exploradas

Continuam mudas

Os arquipélagos inexplorados

São tantos

E o menino

Não construiu as pontes

Para o adulto explorar

Todas as ilhas e seus horizontes.

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

HÁ DE TEMER O FUTURO

Acabou a festa !!!
O Brasil entrou na contramão
Foi aprisionada a alegria
Assassinaram a democracia
Do poder fizeram leilão
Uma parte para cada ladrão!!!

Direito que se dá e não se empresta
E o povo de pires na mão.

Acabou a festa!!!
O FMI de novo na praça
O arrocho encima do operário
O governo na mão de salafrário
Há de se Temer o futuro
O amanhã cada vez mais obscuro
Só para a elite há motivos de festa
Enquanto o país dorme na farsa.

Direito que se dá e não se empresta
E o povo de pires na mão.

               Magno Assis

sábado, 4 de novembro de 2017




ABC  DA  FELICIDADE




Auxiliar uns aos outros

Bendizer amigos e inimigos

Caridade com gostos e palavras

Doar-se sem esperar reciprocidade

Entusiasma-se com as dificuldades do caminho

Fazer do o mais importante que a fala

Garantir aos semelhantes os direitos sagrados

Honrar as amizades com louvor e retidão

Iluminar-se para radiar a luz e amor

Juntar bens e ouro nunca traz o paraíso

Lapidar velho sonhar para que torne realidade

Mudar de rota sempre que entrar-se no caminho errado

Não fazer aos outros os que não fariam a si mesmo

Orgulhar das vitorias com humildade

Praticar caridade sem esperar recompensa

Quando há tempestade ser o  abrigo  necessário

Recomeçar a cada dia com entusiasmo e alegria

 Semear no inverno para recolher na primavera

Tudo tem hora e vez, não apresse o destino

Utopia é possível quando há perseverança

Velar para que a paz nunca seja atacada pela guerra

Zelar pelo planeta e pela vida

segunda-feira, 30 de outubro de 2017


VALES   E PRECÍPICIOS




Você finge não perceber

O que és para o meu ser

O sol, o ar, a beleza, o querer

O sonho, o amanhã, o sobreviver



Cálice de vinho tinto

Nas desilusões darias me acalmar



Mostrando os caminhos do infinito

Traz paz e forças à minha alma



Sorriso de noite de luar

A clarear as minhas certezas do dia

Certeza que a noite vai passar

É mais que companhia, pura filosofia

Tudo no seu tempo e medida certa

Faz a felicidade chegar e não mais partir

Esse fingimento me maltrata

Leva-me ao desespero, causa delírios















E uma dor que não mata

Mas lança-me em

                             p

                          r

                              e

                          c

                        i

                           p

                       i

                    c

                         i

                       o

                      s

terça-feira, 24 de outubro de 2017

ETERNIDADE



Para o homem
O eterno
Dura apenas um segundo
E preciso explorar
Aproveitar
Amar
Tudo que nos oferece
O mundo




A MESMA ESTAÇÃO

Em meu jardim de setembro
Não entra primavera
E nenhuma cor
Só as folhas caídas do outono
Que a saudade deixou
O tempo não muda nunca
Minha alma foi perdida
No outono
No outono ficou
Uma estação sem fim

               Magno Assis

sexta-feira, 20 de outubro de 2017


ÊXODO






Ainda menino deixei minha terra natal

Tendo,muitos sonhos como guias

Encontrar meu caminho é o principal

Sem saber que  o havia  deixado em Antônio Dias



Estive em muitas terras lutando mil batalhas

Em cada batalha perdida era um sonho que se perdia

Por mais que o céu brilhasse num azul anil

Estava sempre rodeado de tempestades e ventanias

Andei por longo deserto

Em busca da razão da vida

Foram mais de quarenta anos, é certo

Mas não pisei na terra prometida

segunda-feira, 16 de outubro de 2017


PERDIÇÃO




Nevoas

Cobrem meu horizonte

Às vezes

Sigo em frente

Tentando dispersar as magoas



Nenhum sol como guia

Nem mesmo sei

Se ainda é dia

Não vi a cortina da noite

Descer

Mas tenho caminhado

Sem enxergar o caminho

Por pura teimosia



Estudei os astros

Consultei ciganos e outros videntes

Alimentei-me de filosofias

Comprei incontáveis talismãs

Até orei

Nenhuma luz se acendeu

Nenhuma lógica

Nenhuma solução




Juntei tudo


Joguei na mala de viagens

E seguir estradas




Nevoas


Ainda cobrem meus horizontes

Mas agora

Trago na bagagem

Lanternas

Que já sei acender



Enquanto viver e o coração bater

O eterno viverá em mim

Para quem não vive devo crer

Em outra vida, outro jardim.

quarta-feira, 4 de outubro de 2017


JUIZ DE FORA




Adotar outra cidade como minha

Foi um gesto que durou noites e dias

Na poesia de quem despreocupado caminha

Para conhecer suas ruas, becos e galerias.



A cidade foi me adotando pouco a pouco

Assim como foi preenchendo meu coração

E entre risos, choros, afagos e socos

Foi realizando sonhos e matando solidão



Hoje tenho seu mapa impregnado na mente

E tem caminhos recheados de tristezas e alegrias

Aqui semeei um jardim em duas sementes

Que aplaca a eterna saudade de Antonio Dias



Adotar como minha esta cidade

Fez-me desistir de ir embora

Entre idas e vindas a felicidade

Abriga-se e me abriga em Juiz de Fora

domingo, 1 de outubro de 2017

PLANTAÇÃO


Adoro plantar palavras
No tempo
E esperar florescer
E frutificar
E amanhecer
E colher poesia

Nem sempre é perfume
Há muitos espinhos no verso

Igual ciúme
Igual amor não correspondido
Igual a sexo interrompido
Há aqueles que não crescem
Por mais que você
Dê água e adubo

Durante todo o cultivo
Há muita dificuldade
Em separar o joio do trigo

Apesar das ervas daninhas
Apesar dos espinhos
Apesar das geadas
Eu continuo
A plantar palavras

           Magno Assis

quarta-feira, 27 de setembro de 2017


RÊS PARTIDA








Ela dorme tranqüila

Enquanto eu leio estrelas

Não sabe que eu quero matar este silencio

Com mãos bocas sexo gozo



Na cama cada metade separada

A espera da palavra que faz o todo

Completo

Para o mundo explodir

Em luzes e cores

Indescritíveis



Ela dorme tranqüila

Eu aprendo tudo

Da solidão

Em cama repartida
                            magno Assis

domingo, 24 de setembro de 2017

CRENÇA

Ao contrario de Raissa Maritain
Trago uma poesia pagã
Canto sofrido do amanhã
Nunca do eterno

Bem aventurado é aquele
Que traz tatuado na pele
O limite do homem
E a catástrofe final da vida

( por que perdes tempo
Clamando por seres imaginários
Enquanto a vida passa a galope
E o eterno dura apenas um segundo?)

Tenho fé nas palavras
Para bordar no mundo
Paz, alegria, decência
Na mestra voz da ciência

O templo do meu deus
Se localiza
Entre o nascimento e a morte.

            Magno Assis

domingo, 17 de setembro de 2017

EU, MAGNO ASSIS



Sou o não
Sou o sim
Sou a indefinição
Sou o inicio e o fim

Do inicio ao fim
Sou todo indecisão
Sou o sim
Sou o não

Metade sim?
Metade não?
Não! Não! Não!
Sou a mistura indecifrável
De tudo que há entre a terra e o céu.

                 Magno Assis