terça-feira, 21 de outubro de 2014

ODE AO OPERÁRIO PADRÃO



Tens que sentir o suor pingar
 tens que sentir o sangue jorrar
na cortina de poeira e fumaça.
És mais que simples proletário,
és o atual escravo-operário,
espécie animal de numerosa raça
que produz, no mundo , as riquezas mil
desde o automóvel e o pão ao fuzil.



Tens que imitar o galo
e bem cedo madrugar
para que Deus possa ajudar
a conseguir lugar no lotação.
Beber o café frio pelo gargalho
da garrafa de coca cola
e comendo um adormecido e seco pão
pensar no filho que não tem escola
vendo-o transformar-se em operário.
Ou seria escravo alienado e otário ?
E para quê ele vai aprender
a ler, desenhar, escrever,
assinar direito o nome
se a fome o consome
e nem jornal ou livro
poderás, um dia, comprar ?



És operário padrão
assim esclarecido pelo patrão.
És operário padrão
sem pão na mesa ou na mão
com a saúde no chão.
És operário padrão
que faz a máquina funcionar,
os bens produzir
para apenas admirar
e nunca possuir.


És operário padrão
para obedecer ao patrão
ao sistema e ao governo,
votar na elite em toda eleição.
És operário padrão
para obedecer cegamente e confiante
pois sabes que o horizonte
para ti não existe.

Viver é apenas desejo eterno.

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