sexta-feira, 30 de maio de 2014

LOUCURA


Ah, tão pouco de mim restou...
Somente um vazio... e solidão
Depois que meu coração
Apaixonado por ti ficou.

Louco! Chamam-me sem parar.
E eu sei que louco sou
Por dedicar-lhe tanto amor
Sem você me aceitar.

Quanto mais te vejo mais te quero
Sem em troca nada pedir.
Com todo amor, ansioso espero
O dia de não vê-la mais partir.

A cada dia lhe admiro tanto ... tanto
E lhe dedico intenso amor.
Você só me tem feito derramar pranto
Fazendo do meu mundo somente dor.

Uma linda flor eu colhi
Para com amor lhe ofertar.
Mas qual foi a decepção quando vi
Você sorrindo, de mim a zombar.

Uma rosa revela amor
Um jardim demonstra beleza.
Em meu mundo não existe jardim ou flor

Somente o árido deserto da tristeza.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

A QUATRO VENTOS


Um cavalo bravio arfando as ventas
Querendo fugir levando para longe
Minha infância
Para outros sertões
Para o outro lado de outros ribeirões.

E eu seguro a rédea
Com medo de ficar somente a lembrança.

Sei, por muito tempo não vou aguentar...
Deixarei o cavalo galopar
A quatro ventos
Levando para distâncias invisíveis
A beleza campal da infância.

Deixando aqui
Atrás de si
A sela
E o enorme peso da saudade.


quarta-feira, 28 de maio de 2014

MEIO SEM JEITO


Um dia no campo
A vida me pegou
Meio sem jeito

Cortar lenha e o burro carregar
Andar quilômetros a pé para estudar
Banhar no ribeirão, se refrescar,
Consertar cerca aqui e acolá.
Engenho de cana fazendo rapadura
E lambuzando de mel a cara já suja.
Aos domingos ir à missa
Ver o padre falar de coisas inatingíveis:
Pensamentos escusos e promessas vãs.
Sentir a verdadeira paz
Fluindo em corpo e mente.

Um dia deixei o campo
E partir para a cidade
Meio sem vida.


segunda-feira, 26 de maio de 2014

MINHA INFÂNCIA


Quando a saudade vem
Sinto tua voz e teu cheiro de sertão
Falando alto em meu coração.

Os meus ouvidos sentem saudade
Do sabiá-laranjeira , do canário-chapinha,
Do azulão
E outras aves que um dia habitaram o grotão.

Em teu olhar revejo a cachoeira
De águas cristalinas do ribeirão
Onde o menino se banhava de alegria.

Tudo hoje é diferente:
Não tem o cantar dos pássaros
Nem eles existem mais...

Os rios não têm mais águas cristalinas
Tudo é lama, sem vida, sem mergulho.
Viraram depósito de entulhos.

Não tem o verde nas montanhas
Já consumiram as serras de paisagens belas
Que outrora os olhares alcançavam.

Sinto que ti está tão distante,
Como distante eu sinto de ti...

Minha infância vivida no campo.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

CIDADE DO INTERIOR



Perdida entre os montes
Lá esta ela escondida
Com tuas velhas casas, tua gente
Minha pequena cidade querida

As tuas casas em estilo simples
Como simples é teu povo
E pela tua calma e simplicidade
Tens o amor do velho e do novo

O coração bondoso de tua gente
Vive cheio de paz e felicidade
E feliz acolhe o visitante
Com todo amor e hospitalidade

Em um ponto das Minas Gerais
Vive ela as maiores regalias
De uma cidade calma, pura paz,

Minha querida Antônio Dias.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

A FESTA DE SÃO BENEDITO


É primeiro de janeiro
É festa de São Benedito
Tem gente na cidade
Igual o mundo inteiro


Tem mascate de toda parte
Vendendo tudo que há
Lembranças cheias de arte
Para levar do lugar.

A igreja antiga e barroca
É pelo povo enfeitada
E a festa começa cedo
Antes mesmo da madrugada.

Às quinze horas é procissão
Vem o negro santo carregado
E o acompanha a multidão
Cantando hino de louvação.

Ninguém que vê esquece
A beleza deste sagrado dia
A festa de São Benedito

Na cidade de Antônio Dias

terça-feira, 20 de maio de 2014

ANDARILHO




As estradas de Santa Cruz
Eu deverei novamente percorrer

Sem medo de recompor
O primeiro beijo, o primeiro amor

Sem medo da lembrança
De um passado lindo... lindo

Lindo passado que enterrado
Nos caminhos de Santa Cruz ficou

Ah! A saudade me dá a mão
E me leva a seguir estradas...

Agora minha companhia é a solidão
Viver, reviver, sem você não existe nada

Nas estradas de Santa Cruz
Meu sonho de menino ficou andarilho

segunda-feira, 19 de maio de 2014

VIGÍLIA



Não deixarei que fales em vão
Teu santo nome
Não deixarei que mates com loucura
Teu nobre sentimento
Não deixarei que jogues fora
Tua sagrada verdade
Não deixarei que diga não
Ao teu abençoado coração


Ficarei noite e dia
Em vigília
Para não deixar que fujas
Ao nosso amor
Esse amor que é alimento
Sagrado de nossas vidas.


sexta-feira, 16 de maio de 2014

DEVANEIOS EM SONHOS



Numa primavera celestial
Te encontrei
E num chão de estrelas
Te amei
Te fiz parte de mim
Por prazer
E parte de você
Me tornei
Num castelo de sonho
Me instalei
E para ser minha rainha
Te coroei
As noites passaram a ser
Contos de fada
De duendes e gnomos
Que cantam e dançam
A beleza da vida.


quinta-feira, 15 de maio de 2014

MÚSICA SAGRADA


Um ser sonhador toca seu piano
E a música suave faz da cidade
Floresta de verde mistério
Tecendo novas manhãs floridas
Nas avenidas.

Cada habitante: negro, branco, mestiço
Tornou-se um jardineiro a cultivar
A flor da fé e esperança.

A massa endurecida de cimento
Cria vida na melodia do pianista.
Na mão do poeta que canta
Com alegria de um novo dia
Que surgirá
No horizonte dos trabalhadores

Em cada prédio mil sonhos desabrocharão
Milhares de mãos sonhadoras talharão
Do progresso mortífero a nova era
Que chegará em meio a canhões
Na tentativa de impedir a humanidade
De perecer

O pianista tocou
Sua música
Nos sonhos dos homens.


quarta-feira, 14 de maio de 2014

MENINO



O tempo passou
o menino não percebeu.
O córrego onde pesca suas fantasias
ainda é o mesmo,
ainda é o mesmo o campo onde colhe
a liberdade de cada dia,
olha ainda os mesmos horizontes,
no mesmo ribeirão banha-se de paz,
habitam seu universo os mesmos animais.

O tempo passou
o menino não percebeu que cresceu.
Virou adulto – será ?
Continua o mesmo sonhador da liberdade infantil
moradora nos campos.
Percorre os horizontes azuis de asas abertas,
o ribeirão da vida ainda corre em suas veias,
seu universo continua habitado pela fantasia.


O tempo passou.
O menino que habita meu ser se nega a crescer.
Quer sempre ser livre
viver
sonhar
amar os horizontes infinitos,
percorrer livremente os caminhos do mundo.
Não aceita a existência – prisão
sem sonhos
sem vida
sem um sorriso de inocência


do universo cinzento dos adultos.

terça-feira, 13 de maio de 2014

POETA


para Carlos Drummond de Andrade

Poeta não é um intelectual
É um aprendiz da vida
na universidade do mundo.


Poeta não é um ser acabado.
É um rascunho mal traçado
que procura se aperfeiçoar
colhendo flores no jardim
dos sentimentos humanos.


Poeta é o menor de todos os homens.
É aquele ávido aluno de todos os outros ,
aprendendo a viver, cantar, sonhar, amar...
se renascendo
se refazendo
e se tornando mensageiro de esperança e paz.


Poeta é aquele que sabe drummondear
e vive drummondeando.



sábado, 3 de maio de 2014

CIDADES MORTAS



Como são tristes estas cidades
Constituídas de ferro e cimento.
Não têm vidas, não têm verdes,
nada além de concreto e concreto.



Como são tristes estas cidades !
Cheias de ruídos e fumaça.
Mendigos famintos pelas calçadas,
homens embriagados pela cachaça.



Como são tristes estas cidades!
Elas não têm seres humanos
e sim máquinas automáticas, robôs andantes,
com memórias, mas não são pensantes.



Como são tristes estas cidades !
Há muito tempo estão mortas.
O verde e a paz foram destruídos,

para a vida fecharam-se as portas. 

quinta-feira, 1 de maio de 2014

QUANDO SE PERCORRE UM CAMINHO DIFERENTE



 Eu sou o louco da atualidade!
Como posso essa loucura negar?
Louco que não tem como endireitar
Torto sou ou será a sociedade?


Sou o único sem pretensão de guerrear
Ouro não desejo em cofres guardar
O verde, nas serras, quero admirar
Lucro, em meu pensamento, não tem lugar.


Ah! Maldito louco deslocado da multidão
Que segue os preceitos de se fazer Luz
Como veio ensinar aos homens o homem Jesus:
Do esforço individual depende a redenção.




BIOGRAFIA




Magno Assis nasceu em Antônio Dias/ MG, no distrito de Santa Cruz, filho do agricultor José Pedro de Assis, já falecido, e da costureira Josefina Martins de Assis, em 28 de março de 1963. Cursou o primeiro grau em Antônio Dias e o segundo grau em Coronel Fabriciano, sendo Técnico em Contabilidade e Técnico em Eletrônica. Graduou-se em Administração de Empresa em Juiz de Fora. Tem publicado seus trabalhos em diversos Alternativos por todo esse Brasil afora e participado de diversas antologias , tais como:  Poetas Brasileiros de Hoje, Vale Poesias, Cantares de Outono em Poesia, Roda de Poesia, Banco de Talentos,III coletânea Komedi, etc.