Quando
nasci
Não
havia nem mesmo
Um
anjo torto
Para
me consolar
E
me dá um destino.
Havia
sim , uma escondida lua
Impossibilitada
de brilhar
Pelas
lágrimas que o céu derramava
Num
choro de deuses e demônios
O
cavalo passando encilhado veloz
Sem
ter como montar.
A
carga cada vez mais pesada
Nos
ombros e na alma.
Muitas
estrelas mortas
Sem
deixar nenhuma pista
Muito
trabalho e pouca melodia
Sem
se ver o fim do dia
É
preciso mais que catecismo
Mais
que um altar para orar
Para
se ter comida na mesa
E
na cama um pouco de beleza
Tenho
tentado esculpir as palavras
Com
fino formão e leve martelo
Diamante
bruto que não permite lapidação
Não
se faz nenhuma nova nota na canção
A
vida impedida de, um dia, ser sinfonia.
Semear
em deserto para colher oásis
É
sina de todo sonhador
Mas
vou criando família
Numa
ilha de sal
Matando
fertilidade
De
braço, perna, cabeça e boca
Sacramentado
o juramento
Guerreiro
não tem descanso
Nem
direito à desistência
É
fazer trincheira de sonhos e desejos
Sobreviver
com a ilusão
E
há caminhos
Há
distâncias
Que
o olhar teima em percorrer
Sem
saber que a falta de destino
Já
matou o menino
Já
matou o amanhã.