DIA DE CHUVA, NOITE DE ESTIO

O dia chora

A tempestade do meu peito

A cor do meu coração

Coloriu o tempo

                   Cinzento

A montanha traz à tona

A chaga do meu ser

Só o firmamento

Com sua brancura gélida

Contradiz minha existência

Aguardo impaciente a noite

Trazendo nos sonhos o estio

Que todo meu ser reclama.

                       Magno Assis

         TEMPO

O relógio não marca

A lógica da vida

Conta o passado já perdido

A folhinha na parede

Nunca diz o tempo

Necessário para ser feliz

O relógio canta as horas

A folhinha dita o tempo

Meu coração desatualizado

Que nunca viveu as horas

Que nunca chorou o tempo

Sobrevive os séculos, solitário,

Passa os instantes,  infeliz.

                    Magno Assis

         ESTOU FARTO

Estou farto do homem inescrupuloso

Destruindo a natureza

Descolorindo o céu azul

Destruindo a vida do planeta

Estou farto da fabricação

Exagerada de armas

Esbanjando milhões de dólares

E o Terceiro Mundo

Morre por falta de pão

Estou farto de ver

Crianças sem pais

Vivendo nas calçadas

Andando vigiadas

Futuros bandidos

Estou farto de guerras

Sanguinárias destruição das serras

Eterna caça de poder e territórios

Fazendo da humanidade raça várias

Estou farto desta mundial

Democracia norte americana

Invadindo países para escravizá-los

Estou farto de governantes

Mentirosos

Bandidos

Roubando descaradamente

Seus povos

Estou farto de religiões

Comercializando Jesus Cristo

Escravizando as mentes das pessoas

Estou farto de estar

Farto de tudo

E nada fazer

Quero lutar

Os braços descruzar

Buscar o mundo novo

Para o amor reinar.

                      Magno Assis 

SEM CONSEQUÊNCIAS

A escuridão sem fim não me assusta

Ontem apaguei meu sol, destruí minha lua

Meu caminho  sem brilho é certeiro em cada  estribilho

Ontem, antes mesmo de começar, esqueci minha labuta

Posso fingir. Fingimento não me anima.

De espinhos refiz minha cama

Minha existência é de lama

Contaminando meu sangue nas horas vadias

Minha religião é pura heresia.

Ontem deixei que o vento levasse o sim

Desflorando o hoje do meu jardim

Ontem consumi o mundo recheado de hipocrisia

Nunca aprendi o lamentar

Deixo o tempo falar calando minha vez

Não me  assusto com a escuridão sem fim

Não me assusto com a escuridão assim.

                    Magno Assis

 

         SOBREVIVÊNCIA

Na caminhada que fiz

Deixei para traz a felicidade

E agora em cada esquina

Encontro somente saudade

Até quando poderei

Assim sobreviver?

Em cada rua que passo

Em tudo que vejo

Fica um pedaço de  mim

Cheio de desejo

A procurar você

Querendo inutilmente

Sobreviver.

                magno assis

         FÉ CEGA

Há uma pomba de plumagem branca

Vagando solitária pelo espaço

Rodeando o planeta terra

Sem saber, sem ter onde posar

Há uma vaga luminosidade

Que consegue ultrapassar

A densa barreira do lixo atômico

Lançado pelo homem no espaço

Há um grito de  esperança

Contido no peito desterrado

Daquele que mesmo exilado

Ainda acredita na paz

Há ainda aquela fé desmedida

Acreditando na capacidade humana

De parar a guerra, destruir as armas

E lutar somente pela vida

         É SIMPLES A VIDA

É simples a vida !

Por que querer complicar ?

Nada de despedida

É deixar a correnteza te levar

E seguir com calma

Até o mar

Até a cama

Até amar

E amar

Há mar ( de rosas )

A mar...

        Magno Assis

         ETERNAMENTE CRIANÇA

As horas passam

Sinto a saudade me invadindo

O sol brilha fracamente

Fraca é a mente

A felicidade se esconde

Além do horizonte

Onde o olhar não alcança

Várias vezes negada

Criança abandonada

Corre pelas calçadas da vida...

Procura um abrigo

Onde possa encontrar amor.

A vida não lhe deu escolha!

Esse ser solitário

Vive numa prisão de loucuras

Pensando ser um vencedor.

O eterno menino

No silêncio da solidão

Tentar enganar o destino.

          Magno Assis