segunda-feira, 30 de outubro de 2017


VALES   E PRECÍPICIOS




Você finge não perceber

O que és para o meu ser

O sol, o ar, a beleza, o querer

O sonho, o amanhã, o sobreviver



Cálice de vinho tinto

Nas desilusões darias me acalmar



Mostrando os caminhos do infinito

Traz paz e forças à minha alma



Sorriso de noite de luar

A clarear as minhas certezas do dia

Certeza que a noite vai passar

É mais que companhia, pura filosofia

Tudo no seu tempo e medida certa

Faz a felicidade chegar e não mais partir

Esse fingimento me maltrata

Leva-me ao desespero, causa delírios















E uma dor que não mata

Mas lança-me em

                             p

                          r

                              e

                          c

                        i

                           p

                       i

                    c

                         i

                       o

                      s

terça-feira, 24 de outubro de 2017

ETERNIDADE



Para o homem
O eterno
Dura apenas um segundo
E preciso explorar
Aproveitar
Amar
Tudo que nos oferece
O mundo




A MESMA ESTAÇÃO

Em meu jardim de setembro
Não entra primavera
E nenhuma cor
Só as folhas caídas do outono
Que a saudade deixou
O tempo não muda nunca
Minha alma foi perdida
No outono
No outono ficou
Uma estação sem fim

               Magno Assis

sexta-feira, 20 de outubro de 2017


ÊXODO






Ainda menino deixei minha terra natal

Tendo,muitos sonhos como guias

Encontrar meu caminho é o principal

Sem saber que  o havia  deixado em Antônio Dias



Estive em muitas terras lutando mil batalhas

Em cada batalha perdida era um sonho que se perdia

Por mais que o céu brilhasse num azul anil

Estava sempre rodeado de tempestades e ventanias

Andei por longo deserto

Em busca da razão da vida

Foram mais de quarenta anos, é certo

Mas não pisei na terra prometida

segunda-feira, 16 de outubro de 2017


PERDIÇÃO




Nevoas

Cobrem meu horizonte

Às vezes

Sigo em frente

Tentando dispersar as magoas



Nenhum sol como guia

Nem mesmo sei

Se ainda é dia

Não vi a cortina da noite

Descer

Mas tenho caminhado

Sem enxergar o caminho

Por pura teimosia



Estudei os astros

Consultei ciganos e outros videntes

Alimentei-me de filosofias

Comprei incontáveis talismãs

Até orei

Nenhuma luz se acendeu

Nenhuma lógica

Nenhuma solução




Juntei tudo


Joguei na mala de viagens

E seguir estradas




Nevoas


Ainda cobrem meus horizontes

Mas agora

Trago na bagagem

Lanternas

Que já sei acender



Enquanto viver e o coração bater

O eterno viverá em mim

Para quem não vive devo crer

Em outra vida, outro jardim.

quarta-feira, 4 de outubro de 2017


JUIZ DE FORA




Adotar outra cidade como minha

Foi um gesto que durou noites e dias

Na poesia de quem despreocupado caminha

Para conhecer suas ruas, becos e galerias.



A cidade foi me adotando pouco a pouco

Assim como foi preenchendo meu coração

E entre risos, choros, afagos e socos

Foi realizando sonhos e matando solidão



Hoje tenho seu mapa impregnado na mente

E tem caminhos recheados de tristezas e alegrias

Aqui semeei um jardim em duas sementes

Que aplaca a eterna saudade de Antonio Dias



Adotar como minha esta cidade

Fez-me desistir de ir embora

Entre idas e vindas a felicidade

Abriga-se e me abriga em Juiz de Fora

domingo, 1 de outubro de 2017

PLANTAÇÃO


Adoro plantar palavras
No tempo
E esperar florescer
E frutificar
E amanhecer
E colher poesia

Nem sempre é perfume
Há muitos espinhos no verso

Igual ciúme
Igual amor não correspondido
Igual a sexo interrompido
Há aqueles que não crescem
Por mais que você
Dê água e adubo

Durante todo o cultivo
Há muita dificuldade
Em separar o joio do trigo

Apesar das ervas daninhas
Apesar dos espinhos
Apesar das geadas
Eu continuo
A plantar palavras

           Magno Assis