domingo, 30 de julho de 2017





PALAVRAS VÃS


Meus ouvidos se cansam
De tantas palavras
E as mãos, sempre cruzadas,
Nada constroem.
E palavras, somente palavras,
Não farão do deserto
Um jardim
Onde o céu se faça presente.

Meus ouvidos se cansam
De tantas palavras
E os sonhos que desejamos
Realizar
Tornam-se letras mortas
Filosofia de um tempo passado
Que o mundo já esqueceu.

A beleza que desejamos
Não se fará concreta
E eterna como anseia
Toda alma


Meus ouvidos se cansam
De tantas palavras
E todo meu ser se cansa
Do mundo ordinário
E seus pastores de lobos
Que afugentam as ovelhas
Para o mundo esquecido
Do seu próprio interior.


A beleza que desejamos
Não se fará eterna
Como anseia
Toda alma concreta.


           Magno Assis

quinta-feira, 27 de julho de 2017

ESTAS ESTRADAS


Vivo contemplando estrelas
Sabendo que todas me levam a nada
A arte da vida é seguir o destino
Com o olhar sonhador de menino

A alma que um dia envelhece
Até tenta mas de todo viver se esquece
Passa a sobreviver de lamentos
A agonia toma conta de seus movimentos

É tudo que contemplo ao meu redor
Nada ha que inspire alegria e amor
Vou embora para um lugar bonito
Carpir estrelas na calma do infinito

Passam por vilas e metrópoles
Estas estradas do sim e do não
Mas o céu não alcança não
Só tristes olhares de gente infeliz.

                  Magno Assis

domingo, 23 de julho de 2017



ANTÔNIO DIAS, MUITO MAIS
QUE SAUDADE...


I

Já não tenho olhos
Para enxergar as belezas da vida
Antônio Dias já não existe
Está há muito tempo esquecida
Não é mais possível fingir
Que ainda existe uma criança dentro de mim
E somente um olhar de criança
Límpido, puro, inocente
Pode enxergar que o mundo ainda é um jardim
Com cores varias para se admirar
Com perfumes ilimitados para se sentir
Para o meu olhar de adulto
Todos os horizontes são desconhecidos
E cinzentos amanhãs.




II



Foi-se o tempo de paz
Hoje há muitas vozes caladas
E um sol que não brilha mais
Um céu repleto de estrelas mortas



Antonio Dias é apenas uma miragem
Que o adulto contempla ao longe
E sempre que a infância a traz numa imagem
Toda felicidade da vida foge


As batalhas diárias são infindáveis
Que não é mais possível sonhar
No corpo a corpo das ilusões insondáveis
Assisto impotente o castelo inacabado desabar


              Magno Assis

sexta-feira, 21 de julho de 2017

ASSIM COMO QUEM ADORA A VIDA

Construa tua cruz como altar
Assim como quem adora a vida
Não importando quem sejas
Não importando onde estejas


A vida é um ato para quem ama
Adorar o jardim sem negar os espinhos
Lançando flores pelos caminhos
Não importando quem sejas
Não importando onde estejas


Não importa quem sejas – viver é tudo
Não importa onde estejas – o mundo é o lar
Inicia-te em palavras e perfumes e horizontes
Assim como quem adora a vida.

                         Magno Assis

sábado, 15 de julho de 2017

NOSSO JOGO


Só joguei fagulhas de meu céu
Em sua estrada de flor e vida
Mesmo assim incendiei seu viver
Com chamas ardentes de um fogaréu
Que iluminou todo seu querer.



Meu amor é mesmo assim
Capaz de queimar Roma num dia
E ainda refazer todo o jardim
Onde possa flutuar desejos e fantasia.
Apenas seus braços apagam este fogo
Sem nunca deixar terminar o jogo
De amor, prazer, loucura e alegria.

                 Magno Assis

domingo, 9 de julho de 2017




A SAGA DO HOMO SAPIENS
ou NÃO CHEGARÁ O AMANHÃ

Passos incertos
Marcam o compasso
Dos caminhos invadidos
Pela multidão dos esquecidos.

Olhares atentos
Vagam o espaço
Que os passos
Não podem invadir

Os braços cruzados
Dos esquecidos
Que não gritam
Pela vida
Não salvarão
A espécie humana

Entre os olhares
Atentos
E os sons milenares
Dos passos oprimidos
Fica a racionalidade

E a certeza
Trazida pelo vento
De que é eterno
O longo inverno
Onde hiberna
O homem da caverna.
           

                Magno Assis

domingo, 2 de julho de 2017


REVOLUÇÃO






Preciso contar as estrelas

e encontrar meu céu. Minhas janelas

fechadas de ontem e sem saber

qual futuro encontrará  você,

precisam abrirem-se como um dia

que amanhece cheio de alegria

no cantar dos galos, pássaros e homens.







Não quero novamente as miragens

que enganam o presente. Meu desejo

ultrapassa os horizontes do beijo

do filho primogênito. Procuro

meu céu muito além do muro.

E contando assim minhas estrelas

possa abrir, sem medo, todas as janelas.


                               Magno Assis

         lembrete aos leitores desavisados




Que poesia tola

a minha

aprendeu dizer apenas “sim”

e pelo caminhos

só encontra “não”

nenhuma rosa

somente espinhos



Que poesia tola

a minha

vive pregando paz na terra

aos homens de boa vontade

aos que nem vontade têm.

E de fronteira a fronteira

só encontra guerra



Que poesia tola

a minha

que insiste em falar

de amor ao próximo

como mandamento primeiro

e nos corações só encontra

portas abertas  para o egoísmo

e o dinheiro.






Que poesia tola

a minha

num afã desesperado

em mudar o mundo

não se cala

não se intimida

mas continua sua caminhada

palavras em punho

gritando pelo direito à vida.