quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

O FRUTO SAGRADO


                      I



nenhum homem nasceu para sofrer.
a felicidade é o mandamento
do filho do homem.

felizes aqueles que fazem felizes
teus irmãos
plantando em cada rosto
o fruto sagrado do sorriso.

o amor está sempre presente
na criança de sorriso inocente,
mundo de esperança e paz.

aprendas, ó irmão
a sorrir com as crianças
e trazer ao mundo dos adultos
mais fé, amor e esperança.

sorrir é dizer sim
a quem lhe estende a mão.





                 II



não adianta querer os frutos
antes de estarem maduros.
não  adianta querer a verdade
se o que reina é a mentira.
não adianta querer o amor
estando o mundo cheio de ódio.
não adianta querer a paz
enquanto os homens se matam em guerras.
não adianta querer a vida
se o homem está a destruí-la.


é preciso que os frutos madurem
para poder colhê-los.
é preciso combater a mentira
para que a verdade se espalhe.
é preciso destruir o ódio
para que reine o amor.
é preciso acabar com as guerras
para que a humanidade tenha paz.


é preciso antes de tudo
fazer nascer um homem novo
para que haja vida no planeta terra.



 

         III




se um abandono sofreres
não te desesperes,
a estação retornará
e nova semeadura ser feita poderá.


o sol é eterno e nunca deixa de brilhar.
pode-se uma nuvem escondê-lo
mas a nuvem é efêmera
e desaparecerá.


a saudade é também fruto.
um fruto bom e sagrado
de um tempo passado
quando existiu felicidade.


não chores um abandono.
ele é como a nuvem e passará
e para tu, amigo irmão,
o sol voltará novamente a brilhar.




segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

CENAS



Num jogo de palavras
No arremate de um poema
Escrevo meu tema

Toda uma cena se passa
Na memória dos tempos
Como se fosse atual

Esqueço as velhas lavras...
O ouro não mais existe
Só a vontade persiste

Fico sentado na praça
E a hora se torna inerte
Velando a vida e a morte

No arremate de um poema
Escrevo o nome que restou

Saudade de um tempo de amor.

domingo, 21 de dezembro de 2014

TEMPO




O relógio não marca
A lógica da vida
Conta o passado já perdido
A folhinha na parede
Nunca diz o tempo
Necessário para ser feliz
O relógio canta as horas
A folhinha dita o tempo
Meu coração desatualizado
Que nunca viveu as horas
Que nunca chorou o tempo
Sobrevive os séculos, solitário,
Passa os instantes,  infeliz.



                                                        Magno assis

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

JEITO





Teu toque carinho
Em meu corpo
Suaviza a noite
Recolhe os espinhos
Dos meus caminhos



O toque em teu corpo
E tenho o dia
É este o jeito
De meu viciado ser

Aceitar o amanhecer.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

O AMANHÃ


Será assim
Um calar
Um piscar
Um falar


Será  assim
Sempre fruto
Sempre furto
Sempre curto


Será assim
Mais fundo
Mais úmido
Mais findo


Será  assim
Não inscrito
Não proscrito
Não prostituído


Será   enfim
Nosso jardim
Nosso querubim

Nosso fim

sábado, 13 de dezembro de 2014

NOCTÍVAGO




Na calada da noite
Percorri ruas perdidas
Procurando-te


Passei por becos escuros
Corri  perigos mil
Sempre à tua procura


E nesta procura
Me perdi numa rua

Sem saída.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

GARIMPEIRO




No rio da vida garimpei ilusões
Impossível foi separar
Areia e ouro
Encontrar o tesouro
Que as águas me reservaram.


Nunca alcancei o eldorado.
Todo sonho de esmeraldas e diamantes
Ficou enterrado, cruz na estrada.
O fim do ideal: escureceu o horizonte
Restou da vida destruída

O nada.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

O SENTIDO DA VIDA

 

O sentido da vida está
Em admirar
O doce, fácil e inocente
Sorriso de criança
E  espiritualmente
Nele se espelhar
Assim com certeza
Sempre haverá
Esperança
E a beleza
De um amanhã que chegará
Trazendo um tempo
De paz
Harmonia

E bonança

domingo, 7 de dezembro de 2014

LAMPIÕES ACESSOS


    I – GARCIA LORCA

Os cães de Franco
abocanharam o papel em branco.
O sangue do martírio
percorreu a Espanha
em veias abertas.

A liberdade sonha !

Em cada espanhol
a terra de palavras
procura o sol.

Deseja lua e sol !

As novas lavras
são palavras
e sangue.
São palavras
e sangue
São palavras !!!



    II – VLADIMIR MAIAKOVSKY


Ressuscitemos as flores     
em jardins sem invasores,
sem canhões e tambores.
Uma casa sem portas e janelas:
o verdadeiro abrigo.


É muito sonhar ?


Quero em teus versos
amigo
reconhecer o luar.



    III – CASTRO ALVES


Quando veremos, libertário amigo,
Zumbi ressuscitado ?
Todos os sonhos merecem
um abrigo.


Por que não os nossos ?



    IV – PABLO NERUDA

 Uma voz pela igualdade
clama no deserto.

Esparlha-se-á ao vento ?

Em cada canto da cidade
um fuzil pára o tempo.
E nós, braços cruzados,
nada gritamos.
Somos irmãos ?
Indagas realista:
onde foram parar
as mãos comunistas ?




    V – FERNANDO PESSOA

É um tempo de criação !

No bar da esquina
a mesa solitária
a garrafa de vinho
a caneta abandonada
um óculo que nada ver.

E o homem mesquinho
só deseja a existência.
Viver nunca foi preciso,
criar o Caminho também não
mas soa como um aviso.



    VI – CASIMIRO DE ABREU


O que nos resta a todos
do sonho infantil ?


A visão dos adultos
contando estrelas mil ?


A saudade do Brasil
cantada em versos mil ?


Tudo ilusão.


Resta-nos teu verso - lembrança
mentalizado a cada novo dia.


Resta-nos tuas lágrimas de nostalgia
a Poesia
fabricando esperança
e fantasia.



    VII – J.G.DE ARAÚJO JORGE

O Eterno Motivo
é nativo
em todo ser humano.


É causa de imensa tristeza
ver o homem insano
apagar toda beleza.
Fazer do dinheiro
sua eterna pobreza.


O Eterno Motivo
floresce
em todo poeta.


    VIII – ENO TEODORO WANKE

Li e reli diversos Apelos.

Alguns em tons sombrios
outros desejosos de festa.

É preciso guiar os passos
pelo poema e seus Apelos.

A paz tem segredos vários

só conhecidos pelo poeta.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

ARTISTA DO MUNDO



Em toda parte está sua arte
e não revela seu rosto cansado
de um sofredor, de um trabalhador.


Revela sua mão de artista
que labuta, que luta no dia a dia
para simplesmente sobreviver.


Pobre escravo trabalhador !


Em ti está a esperança
que um dia ainda se alcança
a verdadeira liberdade.


quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

HIROSHIMA



Os homens rodeavam a fogueira,
assistiram passivos às chamas
em seus clamores,
em seus gritos apavorados.
Restos de uma cidade hospitaleira
que os amantes na cama,
pegos de surpresa,
pensaram que o sol estava mais radiante
homenageando o amor e sua beleza.
E abraçados morreram com um sorriso nos lábios
sem uma palavra de explicação.


E o dirigente norte-americano quis dar ao mundo uma
                             lição de exterminação.
Sentado à mesa com seus conselheiros
assistira da poltrona sua obra de arte infernal:
a liquidação total
de uma cidade, de um povo inocente e indefeso,
que na brutalidade da guerra,
na falta de consciência dos habitantes da terra,
assistiu, em seu último ato, a descida da bomba
que a tudo extermina.


E o mundo deu adeus a Hiroshima

e dormiu em paz.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

REVELAÇÃO



A palidez do papel revela-se
no rosto de cada brasileiro.
Escravo da fome, da morte convidado.


As crianças esqueléticas e sonolentas
clamam por alimento a mostrar
as costelas que a dedo se pode contar.


A terra ociosa e cercada de farpado
impede a mão de lançar a semente.
A criar grilos ela fica, somente.


Contam os dias, as horas passam...
Cemitérios em pranto a cada minuto

enterram um sistema e um povo.