segunda-feira, 30 de junho de 2014

POEMA ADEQUADO AO SEU TEMPO



estamos na era
onde tudo é breve
não se tem mais tempo
para admirar a rosa
e o luar
não se tem lugar
para a amizade
e o amar
não se tem coração
para as Palavras
e o irmão
tudo agora é breve
e só.



sábado, 28 de junho de 2014

ESPERANÇA


só virei as páginas
sem ditar palavras
não pastoreei segredos

o mar e a areia se beijam
são meninos e meninas
de novas lavras
renascidos


todas as páginas brancas
cores mutiladas
flores que a lua vem banhar


e o sol?

ainda resta o mistério do amanhã

terça-feira, 24 de junho de 2014

FESTIVAL DE INVERNO


a noite é só um veio de ouro
que Vila Rica esqueceu


e no inverno os sois se encontram
a iluminarem igrejas e corais


a nossa ladeira nunca chega ao céu.

Minas não passa por lá

quarta-feira, 18 de junho de 2014

SEGUINDO EM FRENTE


avancei por estradas que nunca foram retas
na encruzilhada apanhei destinos
que ficaram na primeira curva
mas segui em frente
pois o viver sempre foi necessário
apesar de ser impreciso
meu coração diariamente desejou
seguir outros caminhos
e nunca venceu o olhar
que por estradas tortuosas me encaminhou
os ventos que sopram
trazem pedaços de quereres esparsos
e nunca indicam a direção
sem bússola
só tenho miragens de moinhos

para movimentar todos os desejos.

terça-feira, 17 de junho de 2014

MAIS UM POEMA PESSIMISTA



que moinhos habitarão meus sonhos?
todos os ontens se foram
todos os hojes são em vãos
todos os amanhãs são rascunhos
nos projetos do andarilho.


que caminhos nos são propostos?
o horizonte sem luar e estrela
a casa fechada sem nenhuma janela
a floresta sem o cantar dos pássaros
nos momentos que se fazem desencontros.


segunda-feira, 16 de junho de 2014

POEMA AFOITO



Correr pelo caminho
Correr pela vida
Correr pelos destinos
Correr por carinho
Correr da despedida
Correr como meninos
Correr sempre sozinho
Correr da dívida
Correr para o Divino
Correr para o ninho
Correr pela vez perdida
Correr por pura esperança
De se tornar
Novamente criança
E reencontrar

O aconchego de mamãe e do lar.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

BRASIL


Brasil branco
Brasil negro
Brasil vermelho
Brasil de três raças
Três vezes famintas
Brasil terceiro-mundista.


Três raças sem terra
Três raças sem emprego
Três raças sem pão
Três raças sem pátria
Três raças exiladas
No próprio chão.


Foste um dia liberdade
Hoje és prisão.
Foste um dia alegria
Hoje és lamento.
Foste um dia esperança
( uma criança a caminhar )
hoje és desespero.


Brasil
Em teu céu de anil
Já não brilham as estrelas
Já não se avista de tuas janelas
Os horizontes, outrora belos.

Brasil branco, vermelho, negro
Até quando suportarás
O peso que os filhos ingratos
Colocaram em teus ombros ?



Brasil...
Brasil de três raças
Três vezes sufocadas
Em teus brados de libertação.

Brasil
O tempo corre
Não deixais que morra
Em tua garganta
Teu grito de liberdade.





quinta-feira, 12 de junho de 2014

MENINOS DE RUA


Os meninos nus correm
pelas ruas vestindo sonhos
na noite, em busca do brilho
do sol do dia.

Os moleques famintos procuram
no lixo matar o Nordeste:
a ameaça da seca e da fome
a barriga vazia gritando
por justiça.

Os pivetes acorrentados querem
a liberdade dos pássaros voadores.
O azul do céu, horizonte aberto,
inatingível sono de pequenos
abandonados.

Nas sarjetas da vida
a infância passa despercebida.
Os meninos procuram vida
os meninos procuram infância
nas calçadas da vida

A infância e a vida

passam-lhes esquecidas.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

NOITE SEM LUAR



Finda o dia e o sol se vai
Sem luar a noite chega
Trazendo escuridão

Nenhuma estrela para brilhar
Na escuridão dos átomos
As palavras não são escutadas
Nas sílabas do meu grito


E meu coração viaja pelos ares
Na solidão dos livros

Que ninguém folheia.

terça-feira, 10 de junho de 2014

ETERNO OUTONO



Apesar que a vida insista em outono
O campo se mostra primavera:
Florido, verde, colorido
Como se fosse outra era.


Pássaros cantam melodias
Flores desabrocham na solidão
E o sol do meio dia
Espalha luz aos animais humanos.


E ele, uma exceção,
Poeta triste, de triste canção
É árvore desfolhada
Que o vento levou para longe
Tuas folhas

Tua vida

segunda-feira, 9 de junho de 2014

NA MESA DE BAR



Na mesa do bar
A cerveja
Em mim
A solidão

Em minha frente
Na mente
A tua imagem


A minha boca
Pedindo sim
Meu coração
Dizendo sim
A realidade
Dizendo não


A mesa
O bar
A solidão



sexta-feira, 6 de junho de 2014

ÁGUAS PASSADAS


A tempestade
e sua forte enxurrada
arrasta para longe
folhas secas, restos de vida


O tempo
dispersou meus antigos sonhos
e toda lembrança que ainda
guardava de ti, de nossos planos.


quarta-feira, 4 de junho de 2014

CHAMAM-ME ABANDONO



Chamam-me abandono.
Ser estranho em horas vagas.
Em minha companhia nada
tenho. Nada fui, nada sou.
Meus sonhos revelam
a miséria de minha vida.
As rosas não mais perfumam
o jardim de minha existência.


Chamam-me abandono
E a noite é meu mundo

eternamente.

terça-feira, 3 de junho de 2014

NAS MANHÃS DE SOL



Nas manhãs de sol
Eu acalentava os sonhos
Nos verdes sonhos de outrora.

Ingratos vieram os anos de agora.
Já não sonho. Suporto meu penar.
Tristeza da aurora ao pôr do sol.
Não mais ouço cantar o rouxinol.
Todas as portas estão fechadas.
Todas as esperanças perdidas.
Todas as ilusões esquecidas.


Nas manhãs de sol
Me acho triste

Pensando nos sonhos de outrora.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

POEMA DO AMOR PERDIDO


Porque ser poeta e cantar os versos
A beleza do mundo e da natureza
Se em mim os meus desconexos
Só traz recordações e tristezas.

Se canto o amor e já não o tenho
Melhor seria ter ficado no esquecimento
Que um dia amei e tive sonho
Que fez o meu mundo ser puro pranto.


E choro! Igual criança perdida
Sem lar, sem ilusões, sem carinho,
Percorrendo tristemente seu caminho
Nesta estrada chamada vida.


E fracos são os meus passos
Por não tê-la em meus braços
Simplesmente deixo passar

As loucas horas do sonhar.