quarta-feira, 30 de janeiro de 2013
POEMA DAS 7 FACAS
Quando nasci
Não havia nem mesmo
Um anjo torto
Para me consolar
E me dá um destino.
Havia sim , uma escondida lua
Impossibilitada de brilhar
Pelas lágrimas que o céu derramava
Num choro de deuses e demônios
O cavalo passando encilhado veloz
Sem ter como montar.
A carga cada vez mais pesada
Nos ombros e na alma.
Muitas estrelas mortas
Sem deixar nenhuma pista
Muito trabalho e pouca melodia
Sem se ver o fim do dia
É preciso mais que catecismo
Mais que um altar para orar
Para se ter comida na mesa
E na cama um pouco de beleza
Tenho tentado esculpir as palavras
Com fino formão e leve martelo
Diamante bruto que não permite lapidação
Não se faz nenhuma nova nota na canção
A vida impedida de, um dia, ser sinfonia.
Semear em deserto para colher oásis
É sina de todo sonhador
Mas vou criando família
Numa ilha de sal
Matando fertilidade
De braço, perna, cabeça e boca
Sacramentado o juramento
Guerreiro não tem descanso
Nem direito à desistência
É fazer trincheira de sonhos e desejos
Sobreviver com a ilusão
E há caminhos
Há distâncias
Que o olhar teima em percorrer
Sem saber que a falta de destino
Já matou o menino
Já matou o amanhã.
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