A VIDA A DOIS

Toda mulher finge precisar

De um homem para protege-la

Todo homem pensa necessitar

De uma mulher para aborrece-lo

Toda mulher imagina ser

Estrela, julgando-se Marilyn Monroe

Todo homem acredita ter

Poder hollywoodiano de Ford Copolla

Toda mulher sabe esconder

A idade e a verdade

Todo homem gosta de fingir

E dar créditos à mulher

Toda mulher quer ter um sol

Como sua estrela guia

Todo homem planeja encontrar

Uma lua para o seu dia

Toda mulher sabe usar o sexo

Como moeda cotidiana

Todo homem sonhar estar

Vencendo o jogo da sedução

Mas quando chega a hora h

Só mesmo um calmo juiz

Para resolver a questão.

em Outras Faces

FRUTO PROIBIDO

Minhas mãos encontram o corpo teu

E nossos atos são todos obscenos

Se isto for mesmo pecado

Visitaremos sorridentes o inferno

Com nossos pecados capitais

Com os teus lábios colados ao meu

Não tem essa de beijos amenos

O fogo em nossos corpos crepitando

Alastra-se pelo ambiente externo

Que nossa paixão não acaba mais

E o quarto se torna um paraíso

De afagos, gozos e gemidos,

Felicidade que o mundo desconhece.

Em nossos corpos suados e saciados

Extravasam todos os sabores do prazer

O teu carinho é tudo que preciso

Amado fruto por outro desconhecido

Que só abandono quando o dia amanhece

E os desejos estão outra vez desabrochados

Assim que novamente chega o anoitecer

em  Outras Faces

NOSSO MUNDO PARTICULAR

Nós vivemos é sobre o lençol !

Do tempo não queremos saber,

Nem do mundo do lado de fora.

No quarto está nosso sol

E a lua brilha a toda hora.

Nossa paixão vai além do querer

Que entre macho e fêmea acontece

Não procuramos saber se é dia ou anoitece

Nada externo pode nos envolver.

Nunca desejamos se apenas atores

Que fingem viver um casamento

Fazemos nossos todos os momentos

Para da vida colhermos só flores

em Outras Faces

AOS SOLDADOS AS BATATAS

        

Vinte e cinco de agosto

Dia do soldado

O sonho derrotado

O mundo em desgosto

Absurdo do calendário

Soldado nunca foi necessário

Soldado é um mercenário

Pago para destruir e matar

E o mundo não precisar

Nem de soldado, nem de general

Nada de assassino profissional

O mundo necessita

De médico, dentista

Pesquisador, cientista

neo-renascentistas

Pessoas para construir

A nossa sociedade

No amor e na irmandade

Que os exércitos, todos

Em vez de crescer, fluir

Sejam sempre vaiados

Urgentemente eliminados

Eternamente exterminados

Que o vinte e cinco de agosto

Para o nosso conforto

Apareça na folhinha

Um dia em que a paz

Encontrou aberta uma portinha

(Que não se feche jamais)

sem armas para vigia-la

sem soldados para assassina-la

em Outras Faces

SÓ HÁ UM CAMINHO

         

Só há um caminho

Que se possa seguir

Sem que o tempo

Nos leve a fugir

Sem rumo e sem carinho

Mesmo que seja breve

E perdido entre nuvens

Mesmo que traga a tarde

Encharcada de tempestades

Ainda assim vale a pena

Seguir por esta Estrada

Pois a solidão é fatal

(e não há solidão pequena)

e sempre há

uma satisfação total

quando unimos

mentes e pensamentos

não deixando o amor

se transformar

em algo sem calor

e banal

em " Outras Faces" 

A CRIANÇA QUE NA INFÂNCIA BRINCA

         

A criança que na infância brinca

Traz a vida correndo nas veias

E o coração transbordando inocência

O querer firme na estrada fica

Longe de obstáculos ou paisagens feias

Haverá rosas perfumando a existência

Quem não teve infância, não imagina

O que é a liberdade do horizonte

Que a imaginação sempre alcança

E vai seguindo alegremente a sina

De percorrer rio abaixo como fonte

Deixa marcas enquanto a idade avança

em " Outras Faces"

MOMENTOS ETERNOS

Repare, meu bem, esta cena

Que parece até foto de cinema

O amor se expressando num beijo

A paixão se extasiando em desejo

Repare que assim é nosso dia a dia

Sobrepondo sobre a tristeza alegria

Marcando nossos passos no universo

De sonhos, loucuras, guerras e verso.

Não há como deixar de sonhar

Quando o amor está a acompanhar

A estrada se torna perfumada e florida

E os atos são agradecimentos pela vida

Repare, meu bem, estas nossas cenas

Nossas alegrias se expressando em centenas

De fotos. Instantâneos de nossa felicidade

Que carregamos em nossa alma para a eternidade.

Em Outras Faces

ALVORADA

Arco aponta o alvo

alvorescencias

acordo_me

galo canta madrugada

rebuscando manhãs

acordo_me

apito fabrica rotinas

assincronizando desejos

anoiteço_me

em Floração de Outono

HOMEM TOTAL

Meu olhar caminha pelo céu

Pastoreando planetas e estrelas

Num piscar de portas e janelas

Há sonhos que vão

Há sonhos que ficam

Há sonhos que retornam

Há sonhos que se perdem

No emaranhado de sonhos e desejos

Há sonhos que se transformam em perdas e danos

Mas o olhar é bicho teimoso

Não aprende com as decepções e enganos

Quer um dia se transformar em céu

E domesticar planetas e estrelas

Num abrir de portas e janelas.

em  " Bagaçadas"

AOS SOLDADOS AS BATATAS

       

Vinte e cinco de agosto

Dia do soldado

O sonho derrotado

O mundo em desgosto

Absurdo do calendário

Soldado nunca foi necessário

Soldado é um mercenário

Pago para destruir e matar

E o mundo não precisar

Nem de soldado, nem de general

Nada de assassino profissional

O mundo necessita

De médico, dentista

Pesquisador, cientista

neo-renascentistas

Pessoas para construir

A nossa sociedade

No amor e na irmandade

Que os exércitos, todos

Em vez de crescer, fluir

Sejam sempre vaiados

Urgentemente eliminados

Eternamente exterminados

Que o vinte e cinco de agosto

Para o nosso conforto

Apareça na folhinha

Um dia em que a paz

Encontrou aberta uma portinha

(Que não se feche jamais)

sem armas para vigia-la

sem soldados para assassina-la.

em " Outras Faces"

CONCLUSÃO FINAL

        

Para Chico Xavier

Eu já percorri muitas terras

Abrindo caminhos, retirando espinhos

Na tentativa de florir outras estradas

Descobri que devemos deixar de pegadas

Somente o amor, a caridade, o carinho,

E que na morte a vida não se encerra.

em Outras Faces

VASTO MUNDO

       

Sempre foi necessário

Sonhar meu mundo.

Fingir. Este mundo ordinário

Está presente e profundo

É o desespero que ele traz.

O mundo que agora vejo

Não é o mundo que desejo

Não me traz alegria, nem paz.

Quero o mundo que a esperança

Deixou dentro do meu olhar

E me acompanha desde criança

Fazendo-me sempre nele acreditar.

O mundo de paz e igualdade;

O mundo do querer e da unidade;

Onde ser é mais importante que ter

Onde a alegria é diária e não o sofrer.

O mundo onde velejam barcos

Em ondas azuis e calmas

Acalentando todos os sonhos

De nossas humanas almas

Meu vasto mundo do querer

Que desenho em meu caderno

Meu vasto mundo do eu e você

Do hoje, do ontem, do momento eterno.

em "outras faces"

ELOGIO À PALAVRA

        

Sempre houve

a necessidade de palavras

Dizer musicalmente como Caetano

Te amo !

Até breve !

Adeus !

Anunciar

Pai, mãe, filho

Denunciar abertamente

O roubo

O assassinato

A opressão

Clamar por Deus

E pelos santos

Clamar aos espíritos

E aos demônios

Dizer palavras com efeito

E com defeito de aproveitamento

Sempre houve

A necessidade do grito

Mesmo sendo o silêncio confessional

E assim sempre haverá a necessidade

Das palavras da poesia

Do conto

Do romance

Da História

Para se chegar ao ápice

A liberdade

em Outras Faces

RESPOSTA

        

Estive

caminhando entre nuvens

sem uma fagulha

ou um temporal

de respostas

Tudo que vi

e senti

no corpo

e no coração

foi um precipício

sem o armistício

da razão

Agora não me peça

mais palavras

Não quero mais essa

de velhas respostas

Nosso momento

chegou derradeiro

Deixe-me então

sem lamento

Vou tentar

alcançar o céu

e ligeiro caminhar

para o próximo

amor verdadeiro

em " Outras Faces"