segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

 

         À TARDE

 

 

À tarde olho os montes

À tarde olho as fontes

À tarde olho a vida...

 

 

Finjo que não vejo o que vejo

É meu desejo que assim seja

Procuro  ver em tudo coisas boas

Mesmo que o mundo diga o contrário

 

 

As mansões ornamentam a  visão

E não são em maior número que os barracões

Os poetas falam de amores e de flores

E os homens ( Ah, esses homens!) gritam guerras

 

 

Na fumaça das indústrias desaparece o verde

O infinito fica todo cinza, cor de enfermo

Na miséria dos homens o fogo crepita

Consumindo vida na poluição da mente

 

 

Choro. Não envergonho de dizer

Porque Ter vergonha? É triste saber

Que os montes verdes no horizonte

Que as fontes de águas cristalinas

Que a vida – sim, até mesmo a vida -

Deixarão de existir pela ignorância humana

 

Os homens comem no lucro o planeta

Nada respeitam, nada preservam

Querem contas volumosas nos bancos

E famintos esqueléticos morrendo em multidão

 

Os poetas falam de flores e amores

Nos versos tento sonhar...

Mesmo no sonho o pesadelo é o mesmo

Loucura! Não mais consigo sonhar.

 

Sei que amanhã terei meu corpo inerte

Nenhuma obra comprovará nossa existência

Assim como esses versos, nada resistirá ao tempo

E todo o universo desconhecerá

Que um dia existiu um planeta chamado terra.


                   Magno Assis 

Nenhum comentário:

Postar um comentário