ESSE MUNDO MUDO
Sei que sem pedir
Meu olhar nasceu transbordando
alegria
Como aquele horizonte distante
Admirado inocentemente pela
criança
Que acredita começar ali o céu
Com as roupas alegres que a
natureza soube vestir
Não tenho culpa se não penso
como os homens
Se não admiro canhões e guerras
Se não sei postar-me diante de
barros transvertidos de imagens
Que nada representam
A não ser a enganação aos
habitantes destas terras
Os homens criaram os ídolos
Fizeram da vida opressão
Do trabalho escuridão
e achando tudo muito pouco
criaram os mendigos
as crianças abandonadas
os flagelados sem abrigos
e disseram para a vida
é este teu mundo
sou responsável pela parte que me cabe
não nego!
Mas meus sonhos não têm abrigo
Sem pousadas estão espalhados
pelo tempo
Ao vento
Aqui e acolá tentam frutificar
O sacrifício tem sido em vão
O sangue encobriu todo
sentimento
Sem ninguém para chorar
Sem que houvesse perdão
Triste é ver aqueles horizontes
Que transbordavam esperanças
como meu olhar
Que a criança em sua inocência
nunca cansou
de admirar
Hoje sem a roupa colorida da mãe
natureza
A destruição, senhora absoluta
do planeta,
Cravou neles seus tronos diários
E observa, com um sorriso de
ironia,
O reino que um passado dia
Foi de tua irmã celestial: a
vida.
Magno Assis