USO
E ABUSO
Você chegou
Jurando amor.
E eu que lhe amava
Tanto, entrei no jogo
Sem saber que depois
O pranto seria maior
E mais intensa a dor.
Fui jogado fora
Como se joga
Um papel de bala
Inútil
Sem seu doce conteúdo
O vento
Para longe arrastou
O resto de vida
O sonho de amor
Que antes habitava meu ser.
A CIDADE E SEUS HOMENS
A cidade acorda
O dia ainda briga com a noite
Começam as horas de alegria e açoite
Homens-formigas que vêm e vão
Pelos caminhos rotineiros
Solitários, preocupados, companheiros,
Sempre à procura do pão diário.
Um bom dia ali, um olá de lá
No primeiro boteco uma cachaça antes do
batente,
Rostos tristes se fazem passar por
contentes
À mostra estão a marcas das preocupações .
É o pão de cada dia, a educação do filhos,
O aluguel, a água, energia elétrica, taxa
de lixo, gás
Imposto disto e imposto daquilo,
Preocupações continuas e intermináveis.
Rádios gritam as notícias.
Máquinas apitam seus movimentos.
Homens robôs e seus forçados pensamentos
Fazem a rotina continuar.
Prédios se levantam, casas se derrubam,
Estradas e ruas se asfaltam,
Casebres que surgem nas favelas,
Pontes que dividem populações
Ruas cortando corações
Num eterno e constante formigar.
Os partidos dividindo multidões,
Consciências divididas por ideologias.
Misérias e luxo batendo às portas,
Fome de fome chegando nos fogões,
Fim de sonhos, a realidade é nua
E alimenta suas maldiçoes.
A poluição sufoca seres já sufocados,
O padre prega sua mentira de cada dia,
O
pastor vende em leilão sua santa mercadoria,
A falta de espaço fabricando a especulação
Imobiliária
A policia defendendo seus ladrões e
prendendo
Inocentes,
O político pregando suas falsas e velhas
promessas
E as discriminações continuam ditando
velhos
Ditados