quinta-feira, 31 de março de 2016


A VIDA É BELA



Meu coração

Derrama lágrimas

Por este meu povo sofrido

Sempre vivo de esperança

Pura teimosia

Sobrevivendo de dor

E de milagres.

No corpo tantas vezes crucificado

Ainda nascem

Sorrisos

Flores de oferenda e agradecimentos

Por simplesmente estar vivo.



Tenho subido o morro

Anos a fio

Vã tentativa de atingir

O inatingível horizonte.

Socorro!

Não há estrada

Nenhuma ponte

Eu quero descer...



É imperioso tentar

Outros caminhos.



Nunca desistir!

sábado, 19 de março de 2016


ALGUNS SEGUNDOS




Com a esperança impressa nos olhos

Desde menino vou seguindo por caminhos tortuosos

De mãos dadas com a felicidade

Vou colhendo muitas mentiras e poucas verdades.



Um olhar que enxerga além do horizonte

Quer água fresca bebida na fonte

Toda palavra jaz morta e enterrada

Falsa profecia é a cada minuto plantada.



Enquanto puder manter o olho aberto

Vou plantando oásis e colhendo deserto

Caminhando por mais rigoroso que seja o inverno

Passageiro do momento na nave do eterno.

quinta-feira, 17 de março de 2016


O EVANGELHO SEGUNDO MAGNO






Cada homem tem livre arbítrio

Para celebrar seu oficio

Desenhar estrelas no céu

Ou incendiar-se em precipício

Em seu altar adorar

O santo ou o demônio

Que mais lhe agradar

Ou mesmo destruí-lo

Com um sopro de verdade.



Afinal o homem a Deus criou

Para explorar seu semelhante

Depois de muitas guerras

Destruição

Dor

É hora desta loucura

Não seguir adiante...

quarta-feira, 16 de março de 2016


TERCEIRO POEMA PELO FIM DOS EXERCITOS






Cinco horas da manhã

Batem os sinos

Acordam os soldados

Aprendizes de assassinos

Um novo dia, o mesmo afã

Sentirem-se poderosos armados.



A humanidade sempre ameaçada

Por guerras que não acabam mais

A paz destruidoramente armada

A vida deixada para trás

Não há Deus que dê jeito

Se o coração não é o eleito.





Em muitos países é obrigatório

O aprendizado de morte e destruição

Causando danos incalculáveis

Não haverá futuro satisfatório.

Enquanto não houver total eliminação

Destes seres inúteis e desprezíveis.

segunda-feira, 14 de março de 2016


A VOZ DO SILÊNCIO






 No meio do caminho tem sempre um se

Se não existisse relógio

Se não existisse o grito

Se a mente não fosse um precipício

Se não fosse necessário dizer:  “eu existo”  

O mundo não seria só cena

E viver valeria a pena.



Se não existisse a dor

Se não existisse a arma

Se não existisse espinho na flor

Se em vez de correria existisse calma

A estrada não seria pequena

E viver valeria a pena.



Se fosse possível contar as estrelas

Se não existisse nem céu nem inferno

Se não atirássemos pedras nas janelas

Se o guerrear não fosse eterno

Cada gesto teria sua recompensa

E viver valeria a pena.




Se não existisse o egoísmo

Se não existissem tantos muros

Se existisse mais lirismo

Se cada povo fosse livre para decidir seu futuro

A alma não seria pequena

E viver valeria a pena.

sábado, 12 de março de 2016


NO MUNDO DA FANTASIA



Vou comprar passagem
No trem da imaginação
E ir embora para Pasárgada

Pois sou amigo de Bandeira
E quero deixar este mundo
Sem beira nem eira

Tornaremos confidente um do outro
E sairemos os dois da solidão.
Seremos verdadeiros irmãos.

Vamos tomar cachaça
No mesmo bar, no mesmo copo
E compor juntos inimagináveis poesias.

E no mundo da fantasia
Faremos tudo que aqui é proibido.

Eu, Bandeira e o rei amigo.

sexta-feira, 11 de março de 2016


      POEMAS DO AUTO EXÍLIO


POEMA 1

Nos galhos sem folhas
Outono pousa suas asas
Nas vastidão do campo
Na imensidão do espaço.
O ser solitário
Procura em vão um abraço.
Não sabe onde encontra-lo.
E a primavera que demora
A florir nos campos
A colorir de verde os galhos
A alegrar o coração hibernado.


Poema 2


Sou estrangeiro
Em minha própria terra.
Em cada rosto um inimigo
A declarar-me guerra.
Me auto exílio ...
Procuro abrigo em terras distantes
Mesmo sem saber o futuro
Que me aguarda.
Não há motivo para o medo.
Em cada canto do país estrangeiro
Há um sorriso de recepção
Um “ bom dia” como mensageiro
E em cada rosto um irmão.
É só deixar se contagiar

Pelo poema que existe no ar.

terça-feira, 8 de março de 2016


            INTERIOR



Restos de vozes brilhando nos horizontes
Agora sou palpável e iluminado,
Caminho na realidade buscando os sonhos
Fui resto de voz. Tornei-me inteiro, sou gente
Um ser pós-rascunho, apreciado, terminado,
Vivendo á verdade dos universos estranhos.
Quero ser eu mesmo, pedaço da vida,
Caminhante das estrelas, astronauta da claridade
Meus planetas foram todos explorados,
Tiveram a virgindade repelida, destruída,
Mostraram suas verdadeiras cores,

Suas intensas verdades.

terça-feira, 1 de março de 2016


           NOITE INTENSA



Ainda é noite

Ainda existe na rua

Aquele absoluto vigiar



Armas vigiam cada momento!

Patrulhas espiam cada movimento!



Existe aquele falar contido

O encontro não realizado

E o medo alienante das fardas

Comandando pés e mãos

Fabricando silêncios

Confinando consciências

E ações



Mas do dia resiste

E clama por seu lugar.



É todo domínio falho

E existe a mínima parte

Que no agir diferente é.



Parte que é resistência

Buscando liberdade



Criando razão de existência.