para Manoel Mariano Martins
em memória
Se meus olhos
agora cansados
revive a vida falsa
dos mundanos vagabundos,
se meu corpo
é fraco e flácido
sob o peso da idade
sobrevive curvado,
Se a alma perdida
quer a eternidade
não mais procura
a terrena felicidade,
se a boca desdentada
não beija a mulher amada
e não dita mais
os desejos de paz,
se a beleza do mundo
é apenas lembranças
os restos de criança
nestes anos de labuta,
se não encontro
meus caminhos
e das flores
só colho espinhos,
se não escrevo
os sonhados versos,
se não reconheço
meus íntimos universos,
se meu braço forte
não mais produzir...
agora vou partir
buscar novo horizonte,
reencontrar-me
no eterno sono
no fim do meu
terreno outono.
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