domingo, 28 de setembro de 2014

FRANCISCO


O condor voa alto
O teu céu a procurar
Sem pressa ou lamento
Mas teu céu onde está?
O teu céu se chama Rhafael
E está a velar
Tua imagem no papel

A primavera aí está
E o cravo certamente
Irá crescer, desabrochar
Alcançando novo horizonte
Para que ele possa num luar
Lá do alto admirar
Sempre velar, somente velar

E o sonho se desfaz
Numa inerte e fria lapide
Busca-se a paz
Que nem o tempo trará
Resta-nos, ainda que seja tarde,
O silêncio da lembrança
E o grito dolorido da não presença

O condor, ao ninho, não mais retornará.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

ATEÍSMO COLORIDO


Todo meu semblante
Desfaz-se e se refaz
Na silenciosa paz
De quando estás presente


Toda minha alma
Inflama-se de sorrisos
Em teus olhares indecisos
No calor de nossa cama


Todo o mundo meu
Transforma-se em jardim
Assim que chega ao fim
A minha solidão de ateu


Sou um ateu que acredita
Fielmente em teu amor
Que exclamo com fervor

Ó deusa do amor, és bendita!

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

VIA LÁCTEA




Por mais que eu tente
Fugir de teu campo magnético
Sair de tua órbita
Não consigo ser
Meu próprio sol
Estou cego em vê-la
Estrela
Estrela Dalva
De minhas manhãs
De minhas tardes
De minhas noites
Sempre alva
Luminosidade de luz
Que brilha
Na trilha

De minhas fantasias

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

UNIVERSO PARTICULAR



Nós vivemos é sobre o lençol !
Do tempo não queremos saber,
Nem do mundo do lado de fora.
No quarto está nosso sol
E a lua brilha a toda hora.
Nossa paixão vai além do querer
Que entre macho e fêmea acontece
Não procuramos saber se é dia ou anoitece
Nada externo pode nos envolver.


Nunca desejamos ser apenas atores
Que fingem viver um casamento
Fazemos nossos todos os momentos

Para da vida colhermos só flores

sábado, 20 de setembro de 2014

AOS SOLDADOS AS BATATAS



Vinte e cinco de agosto
Dia do soldado
O sonho derrotado
O mundo em desgosto
Absurdo do calendário
Soldado nunca foi necessário
Soldado é  um mercenário
Pago para destruir e matar
E o mundo  não precisar
Nem de soldado, nem de  general
Nada de assassino profissional
O mundo necessita
De médico, dentista
Pesquisador, cientista
neo-renascentistas
Pessoas para construir
A nossa sociedade
No amor e na irmandade 
Que os exércitos, todos
Em vez de crescer, fluir
Sejam sempre vaiados
Urgentemente eliminados
Eternamente exterminados
Que o vinte e cinco de agosto
Para o nosso conforto
Apareça na folhinha
Um dia em que a paz
Encontrou aberta uma portinha
(Que não se feche jamais)
sem armas para vigia-la
sem soldados para assassina-la


terça-feira, 16 de setembro de 2014

A CRIANÇA QUE NA INFÂNCIA BRINCA




A criança que na infância brinca
Traz a vida correndo nas veias
E o coração transbordando inocência


O querer firme na estrada fica
Longe de obstáculos ou paisagens feias
Haverá rosas perfumando a existência


Quem não teve infância, não imagina
O que é a liberdade do horizonte
Que a imaginação sempre alcança


E vai seguindo alegremente a sina
De percorrer rio abaixo como fonte

Deixa marcas enquanto a idade avança

domingo, 14 de setembro de 2014

ELOGIO À PALAVRA



Sempre  houve

A necessidade de palavras
Dizer musicalmente como Caetano
Te amo !
Até breve !
Adeus !       
Anunciar
Pai, mãe, filho
Denunciar abertamente
O roubo
O assassinato
A opressão
Clamar por Deus
E pelos santos
Clamar  aos espíritos
E aos demônios
Dizer palavras com efeito
E com defeito de aproveitamento



Sempre houve
A necessidade do grito
Mesmo sendo o silêncio confessional
E assim sempre haverá a necessidade
Das palavras da poesia
Do conto
Do romance
Da História
Para se chegar ao ápice

A liberdade

terça-feira, 9 de setembro de 2014

RESPOSTA


Estive
caminhando entre nuvens
sem uma fagulha
ou um temporal
de respostas
Tudo que vi
e senti
no corpo
e no coração
foi um precipício
sem o armistício
da razão
Agora não me peça
mais palavras
Não quero mais essa
de velhas respostas
Nosso momento
chegou derradeiro
Deixe-me então
sem lamento
Vou tentar
alcançar o céu
e ligeiro caminhar
para o próximo

amor verdadeiro

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

COLAGEM



Não posso dizer
que a vida
seja minha
seja tua
seja nossa
A vida
é um objeto
do silêncio
Um poema
ainda não lido
Um conto
sendo escrito
letra a letra
Um fundo negro
onde usamos
a absurda  técnica

da colagem

domingo, 7 de setembro de 2014

ECUMENISMO


A Igreja Católica discute
com a Igreja Ortodoxa,
para que o mundo se nutre
do bem, se o olho de Cristo
era de cor preta, azul, roxa
e como o homem foi visto

a Igreja Anglicana  salienta
com a Igreja Presbiteriana
mais uma questão derradeira
para a sociedade insana
de que nobre madeira
a cruz de Cristo era feita


a Igreja Assembléia de Deus
debate com a Igreja Universal
que moeda iria Judas preferir
como paga pelo beijo fatal
se os passos e atos seus
caminhassem na era atual




Os Mormóns e  a  Igreja Maranata
discutindo está com a Igreja Metodista  
se a roupa usada por Cristo era bata
ou túnica. Se era de seda ou algodão.
Se foi também purificada no Jordão,
Se era nobre e real ou plebéia e rústica.


a Igreja do Evangelho Quadrangular
discute com As Testemunhas de Jeová
se Cristo, como humano, também ia
ao barbeiro para a barba aparar
e que com freqüência isto acontecia.
Discussão para não mais acabar...


e assim de discussão em discussão
enche-se o tempo e não se sai do lugar
esquecendo que o mais importante
é o que fala a razão e o coração
e que o Evangelho não se discute não

o Evangelho  a gente o vive plenamente.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

DESESPERO



    A chuva insistente
             na janela bate
             e aqui a tarde
            me faz sonhar
                  novamente
             e desejo rever
             aquela estrela
                 e relembrar
         o desejo de voar
  unir terra, céu e mar
     o mar perdeu a cor
    o céu é só escuridão
                         na terra
nenhuma marca ficou
                        saudade
         e a tarde chuvosa
            tudo que restou
          a chuva que bate
                         na janela
              me traz a tarde
             e aquela estrela

              do meu sonhar

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

A VIDA SEMPRE VALE A PENA




Muitas vezes o desespero
invade nosso peito e mente
e ficamos tão somente
a maldizer a vida
sentindo que a corrida
é sempre muito longa
e áspera é a estrada
que nem sempre um oásis abriga
nessas horas dizemos
com lágrimas no olhar
“ é melhor a vida terminar “
mas a tempestade passa
e mesmo não estando ainda
em estado de graça
nós alcançamos o amanhã
e o filho nos brinda
com maravilhosos sorrisos
e relembrando depois a cena
dizemos, não mais indecisos

“a vida sempre vale a pena “

terça-feira, 2 de setembro de 2014

CORPO DE MULHER





Em teu corpo de tantas curvas
Há risos, lágrimas, pedras, flores
Há o caminho necessário


São vias ora claras, ora turvas
Me levando a vários sabores

O sempre desejado itinerário

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

BRASIL 500 ANOS


            Tenho palavras espalhadas
de todas as cores
cor do Pau Brasil
cana-de-açúcar
ouro
esmeraldas
café
num fantástico balé
de formas e flores
na tentativa de formar uma raça


         tenho lágrimas derramadas
de todas as dores
dor de ser índio
negro
branco
cafuzo
mameluco
mulato
num caldeirão de opressão
na tentativa frustrada
de formar uma nação.

  
         Tenho a luta espelhada
em várias mãos
mãos doadoras
de vida e de esperança
nos gestos eternos
de Felipe dos Santos
Tiradentes
Frei Caneca
Castro Alves
Marighella
e todos que dispersaram
o nevoeiro escuro
na certeza que um dia

haverá um futuro