PESOS E MEDIDAS

que pese meu pé
e minha dor
nesta estrada
de indefinível cor

chega-se la´quem tem fé!

que pese minha fala
e meu rancor
neste róseo mar
de intragável sabor

chega-se la´quem nunca cala!

que pese minha vida
e meu calor
nesta funda sepultura
de insondável furor

todos chegaremos aqui
apesar da medida descabida.

       em " encantando sentimentos "
                       1982

AINDA ROMÂNTICO

no corpo um mormaço
e no calor do abraço
me desfaço
em mil pedaços
a te perseguir

acompanho-te em toda parte
leio teu pensamento, faço-te alegria
e nesta festa crio arte
para viver e sobreviver a poesia

o amor que sinto por ti
é maior a cada dia
que nele me perdi.

em sonho te vejo, te possuo
sem nenhum momento de desperdício
no acordar caio no precipício
não me levanto, na queda fico
esperando tua mão me levantar,

mas de qualquer jeito
romântico continuo
querendo abrigo em teu peito

ORAÇÃO

que na fraternidade
se  reparte
a justiça
em várias mãos
entrelaça
a paz
contra a escravidão
a discriminação
e a violência
que impede a vivência
entre os homens.
que a liberdade
seja perene
e serene
qualquer agressão
que atente
contra a vida
AMÉM!!!

                   escrita em 26.04.2012 às 12:05h

DESEJOS II

quero ser
teu escravo
aprisionado
em teus braços
matando desejos
no amor
e na libertinagem
seguir viagem
nas perfeitas curvas
do teu corpo
cansar-me
no prazer
de te amar
e depois
em teu colo
repousar

quero que você
mate teus desejos
em meu amor
e no beijo
apaixonada
sopre a vida
em meu ser
e me faça
o tempo esquecer
a vida
se fazendo eterna
para nós dois.

DESEJOS

em qualquer lugar por onde vou
carrego no peito o amor
que sinto por você.

em qualquer lugar onde estou
sinto em meu peito uma dor
é saudade de você.

em cada minuto de existência
em cada instante do meu viver
penso em você, meu doce querer.

cada despedida é uma agonia
que levo comigo por onde caminho
somente seu carinho é alegria.

por onde passo carrego no peito
o amor que sinto por você
motivo único do meu viver.

 do livro "encantando sentimentos"
                       1982

NOSTALGIA

ontem fomos nenhum
para depois ser dois
fomos cada um por si.
hoje somos ambos
e estamos aqui
caminhando nos campos
do amor.

mas que importa o ontem???

nada quero de nostalgia
mesmo que seja alegria
quero meu coração amando
meu corpo no seu
construindo nosso mundo
nosso mar, terra e céu.
é o amor muito mais
que um simples tirar de chapéu.

te desejo
e no ensejo
tenho paz.

INTERIOR

sou
uma
cor                       sou
no                         luz
sol                        na                    na
de                        cor                   cor
luz                        do                    que
                            sol                    tem
                                                    a
                                                    flor


  

TEMPO ESQUECIDO

no tempo ficou a história

a memória

de uma alegria distante

um sorriso contagiante

que a vida emanava.

no tempo ficou a felicidade

a liberdade

de um sonho passado

um projeto esquecido

que pela vida suspirava.

no tempo ficou o tudo

restou o nada

de um país, de um mundo

que procurava a vida.

no tempo ficou

o tempo... de paz e amor

e o homem sonhador

que humanamente se calou.

            do livro " enquanto a vida passa, eu sonho..."

                                  1982

VIDA

                        A estrada     é muito torta
                       pontilhada     de altos e baixos
                    serpenteiam      mil atalhos
                      semeando       precipícios.
                          nenhuma      porta.
                    Todo caminho     contido
                       está sempre       escondido.
                            A Luz que      a ilumina
                                 é visão      de cada um.
                 Colher os frutos     plantados
                     é esperança      geral
            quando se chega      ao final.


                 do livro " entre flores e espinhos "
                                          1992

SEM PALAVRAS

O poeta calou!
não há mais motivos
para serem cantados

os homens - loucos homens -
destruíram todo o verde
destruíram toda a beleza.

deixaram apenas
um mundo desolado
deserto apocalíptico

que o poeta ao vê-lo
lágrimas derramou
nada tendo nada mais a cantar.

o poeta calou...
deixou de existir toda poesia!

      do livro " enquanto a vida passa, eu sonho..."
                                  1982

MINAS GERAIS

Gerais gente

                  Gerais homens

Gerais robôs

                   Gerais geral

Gerais poluída

           sem cor

           sem vida

Gerais contraste

convivendo dia a dia

em agonia

pobre Gerais

que um dia foi

                     somente paz

pobre Gerais

                   o quê fizeram contigo

                   os ladrões do teu ouro

                    e seus descendentes???

                               do livro " enquanto a vida passa eu sonho..."

                                                        1982

POÉTICA

o nome lançado no chão.
a esperança envelhecida
a vida já quase esquecida...

o poeta que não cansa
de cantar em versos
o amor
que a humanidade já esqueceu.

o grito contido no peito
é escrito na folha branca
enumerando as penas
em forma de poemas.

a sensibilidade da poesia
na tentativa de combater os canhões
e ver um jardim florido
em todos os corações.

BRAZIL FOR EXPORT

know-how japonês
capital norte americano
operário brasileiro
trabalhando de janeiro a janeiro
produzindo lucro
para o FMI e seus banqueiros.

RECADO PICHADO EM MURO

que me perdoem
os crentes
mas nós, os cépticos,
buscamos os horizontes
perdidos
porque ainda acreditamos
no amanhã.

TRABALHADOR RURAL

é ingrato o oficio
de tirar o sustento
da terra
e morrer de fome

é construir um edificio
de puro vento
que encerra
um ser, um nome

ESTRELA GUIA

uma estrada sempre
vai dar
em algum lugar
se no céu, no purgatório ou inferno
se traz a beleza da primavera
ou o frio do inverno
depende de quem se caminha lado a lado
a pessoa desejada
ou sempre mal acompanhado.

REVELAÇÃO

a palidez do papel revela-se
no rosto de cada brasileiro.
Escravo da fome, da morte convidado.

as crianças esqueléticas e sonolentas
clamam por alimento a mostrar
as costelas que a dedo se pode contar

a terra ociosa e cercada de farpado
impede a mão de lançar a semente.
a criar grilos fica, somente.

contam os dias, as horas passam...
cemitérios em pranto a cada minuto
enterram um sistema e um povo

O CÓDIGO NOSSO DE CADA DIA

no baú egipcio
nossos ossos
vigiam o futuro
banhados de incertezas.
prisão do tempo
velando almas e vento.

não temos a dimensão
do verdadeiro significado
de cada ato humano.
a guerra ou a paz
tanto faz
estamos sempre morrendo
por não conseguirmos decifrar
nossas palavras.

quando a mensagem dos cadáveres
for finalmente decifrada
nas restará de Espinho.
o futuro brilhará
no horizonte de cada Caminho