MINHA VERDADE

Não diga que quero as doçuras poucas

que desejo o amor de instantes...

quero sim morar permanente em tua boca

meus lábios de sonhos ardentes.

Não diga que quero apenas momentos

efêmeros, que sejam feitos de alegria....

quero sim a eternidade dos sentimentos

percorrendo o tempo dia e noite, noite e dia.

Não querida, não diga ser passageiro

este amor que lhe dedico agora....

que vou passar  como vento mensageiro

deixando saudades, levando os risos embora.

Não , não diga isso meu amor....

você sabe que não é verdade.

Sem você meu mundo é pura dor,

sem você minha vida  é infelicidade.

         CORPO DE MULHER

Em teu corpo de tantas curvas

Há risos, lágrimas, pedras, flores.

Há o caminho necessário

São vias ora claras, ora turvas.

Levando-me a vários sabores

O sempre desejado itinerário

         BRASIL 500 ANOS

            Tenho palavras espalhadas

de todas as cores

cor do Pau Brasil

cana-de-açúcar

ouro

esmeraldas

café

num fantástico balé

de formas e flores

na tentativa de formar uma raça

         tenho lágrimas derramadas

de todas as dores

dor de ser índio

negro

branco

cafuzo

mameluco

mulato

num caldeirão de opressão

na tentativa frustrada

de formar uma nação.

         Tenho a luta espelhada

em várias mãos

mãos doadoras

de vida e de esperança

nos gestos eternos

de Felipe dos Santos

Tiradentes

Frei Caneca

Castro Alves

Marighella

e todos que dispersaram

o nevoeiro escuro

na certeza que um dia

haverá um futuro

         ROTEIRO

Sopra o vento

Seus velhos sons

Em meu coração

Num momento, atento,

Elevo os tons

Em cada canção

Mas o passo é lento

São poucos os prótons

No silêncio da criação

         FOI-SE O TEMPO DAS FLORES

Foi-se o tempo das flores...

Tudo que meu peito traz

É o cinzento outonal

E aquele sorriso teatral

Pela total falta de paz

Foi-se o tempo das flores...

Meu coração sonhador

Aguarda o tempo passar

E toda ferida se curar

Procurando um novo amor

A esperança  é que  a primavera

Um dia, radiante, retornará

Nunca morreu, nunca morrerá.

         o poema necessário

 

eu desejei escrever

um poema

que apesar de pequeno

contivesse todo desejo

do mundo

uma poema

de uma única

e necessária palavra

PAZ

         poema  adequado ao seu tempo

estamos na era

onde tudo é breve

não se tem mais tempo

para admirar a rosa

e o luar

não se tem lugar

para a amizade

e o amar

não se tem coração

para as Palavras

e o irmão

tudo agora é breve

e só.

 

 

 

         NOITE SEM LUAR

Finda o dia e o sol se vai

Sem luar a noite chega

Trazendo escuridão

Nenhuma estrela para brilhar

Na escuridão dos átomos

As palavras não são escutadas

Nas sílabas do meu grito

E meu coração viaja pelos ares

Na solidão dos livros

Que ninguém folheia.

                             LADO B.

Meu olhar ainda guarda

Todo sentimento do passado

E segue teu caminhar

Com desejos há muito guardados

Nunca foi possível te esquecer

Pois é tua face-lua

Que nunca deixou

Meu planeta escurecer

Mesmo estando distante

A tua luz radiante

Renova-me a vida

E sempre que te revejo

É mais vida que penetra em meu ser

Como uma água fortificante

Mas minha boca continua seca

À espera de um beijo.