segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016




                   NOVA MESSE



Vou sentar no tempo e esperar
A vida passar nesta terra estranha
O homem de insignificância tamanha
Conta seus cifrões
Na luz solar do ouro
Nunca pensa na primazia do amar


Vou passear no tempo e esperar
O amor chegando no campo semeado
As flores e frutos pelos homens colhidos
Seja sinal da valorização humana
A lua dos sonhos iluminando o mundo

Em tudo seja primeiro o amor.

sábado, 27 de fevereiro de 2016


              V./2




ela se veste de laranja
e ilumina mais que mil luas
clareia todo o universo
clareia todas as minhas ruas
e nesta luz se esbanja
e eu, pobre coitado, apaixonado
fico perdido, desorientado,

e desabafo a dor  num verso

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

          V.



ela traz o sol no corpo
e seu forte brilho me impede de ver o paraíso
coloco protetor solar, óculos escuros
mas ela se mantém distante
num contínuo e dolorido purgatório
eu, estudante de mil planetas,
não consigo explorar sua superfície
mesmo desejando ardentemente
me perder em teus vales e montanhas

meu desejos imploram
despir de sol teu corpo
deixando-o a descoberto
para que meu olhar possa deliciar-se


ela é o planeta que desejo
fazer uma exploração
minuciosa de reconhecimento


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

TRAVESSIAS



Sempre o andar entre estrelas apagadas
Conhecer o céu das almas desesperadas

Um dia a vida se satisfará pela morte
E não adiantará em nada  a busca do Norte

Há de enterrar a miséria da falsidade
                                                fraterna
Nos caminhos que levam à noite eterna


É caminhar nas palavras libertas
Para encontrar todas as portas abertas

O nada não existe, nem o fatal

O caminho é longo, sem porto final.

domingo, 21 de fevereiro de 2016

              SEM VENCEDOR




São Jorge ou o dragão
Não sei qual escolher não


É porta, é pedra, é ilusão
As palavras se espalham
Em templos, pirâmides, estantes


Eu, no meio de tudo isso,
Não sei do que mais preciso
Para explicar o gozo dos amantes


E continua sempre em vão

A peleja entre São Jorge e o dragão

sábado, 20 de fevereiro de 2016

      POEMAS DAS 7 FACAS




Quando nasci
Não havia nem mesmo
Um anjo torto
Para me consolar
E me dá um destino.
Havia sim , uma escondida lua
Impossibilitada de brilhar
Pelas lágrimas que o céu derramava
Num choro de deuses e demônios


O cavalo passando encilhado veloz
Sem ter como montar.
A carga cada vez mais pesada
Nos ombros e na alma.
Muitas estrelas mortas
Sem deixar nenhuma pista


Muito trabalho e pouca melodia
Sem se ver o fim do dia
É preciso mais que catecismo
Mais que um altar para orar
Para se ter comida na mesa
E na cama um pouco de beleza


Tenho tentado esculpir as palavras
Com fino formão e leve martelo
Diamante bruto que não permite lapidação
Não se faz nenhuma nova nota na canção
A vida impedida de, um dia, ser sinfonia.

Semear em deserto para colher oásis
É sina de todo sonhador
Mas vou criando família
Numa ilha de sal
Matando fertilidade
De braço, perna, cabeça e boca


Sacramentado o juramento
Guerreiro não tem descanso
Nem direito à desistência
É fazer trincheira de sonhos e desejos
Sobreviver com a ilusão


E há caminhos
                 Há distâncias
Que o olhar teima em percorrer
Sem saber que a falta de destino
Já matou o  menino
Já matou o amanhã.



sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

      O REPOUSO DO GUERREIRO



Cansado de tanta batalha
Cansado de tanta guerra
Coloco meu chapéu de palha
Quero dormir em outra terra


Dormir igual a um anjo
Com muita serenidade no olhar
Colher conforme o semear

Flores ou espinhos, ao som do banjo.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016



           IDEOLOGIA




Se eu não tivesse
Que cumprir horário
Todo dia, todo dia, todo dia
Abraçaria consciente a burguesia
Como uma verdadeira messe
Não ficaria do lado contrário


Se não tivesse eu
Para sustentar uma família
Filhos para educar
Filiaria à burguesia
Com certeza um céu
Poderia eu alcançar


Mas a burguesia
Tão velha e tão ativa
Tem o ócio como freguês
O sangue nosso de cada dia
Num sugar que escraviza
Sai mês, entre mês.



Se eu não tivesse
A consciência de classe
Seria mais um vagabundo
Faria parte da burguesia
Viveria de explorar o mundo
De pernas para o ar viveria.



segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

             SER OBJETO



Ficar esquecido
No quarto de dormir
Entre o céu e o inferno

Ficar desligado
No mundo do vim e ir
Como ser interno

Ficar paralisado
Na rua do florir
No sonho externo

Ficar intrigado
Com o chegar e o partir
Enfiado num terno

Ficar embriagado
Até cair e fugir

Das palavras no caderno.

sábado, 13 de fevereiro de 2016



     AS FLORES DO CAMPO



 As flores do campo
Belas em sua simplicidade natural
Acenam conforme o vento
Dançam conforme o tom musical
Que a terra oferece aos itinerantes.
Ah, meu Deus ! como eu gostaria
ser assim simples, de alma esquecida
e passar no mundo sem hipocrisia
dançar conforme o tempo
cantar conforme a música da vida.


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

              UM



Quem faz um poema procura
Com um olhar de criança
Encontrar no fim da rua
O caminho da esperança


Quem faz um poema deseja
Espalhar a voz do Consolador
Que a vida assim seja
Mais que trabalho, fome e dor


Quem faz um  poema, enfim,
Não se alimenta de ilusões
Tem confiança que um jardim
Nascerá em todos os corações


Quem faz um poema
Traz um fogo na mão
Com objetivo de tirar de cena

O orgulho, a falsidade, a opressão.

domingo, 7 de fevereiro de 2016

           ELEGIA FINAL



Há de se cantar assim
A manhã, o dia, a noite
O cheiro doce  do jasmim
A loucura animal do açoite


Há de se cantar na totalidade
Os gritos dos famintos na esquina
Rompendo as amarras da sina
Que deveria guiar a humanidade


Há de se cantar em especial
Os clamores a ídolos e deuses
Que dormindo no infinito espacial
Não escutam os filhos teus


Há de se cantar o todo que encerra
A vida, o desejo, a alegria
Tudo além do bem e da guerra

Que findará com a existência um dia.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

NOTÍCIAS DO BRASIL


          Em 1900
No Brasil há fome constante
E morte na infância.
Mas há eleições para presidente
De quatro em quatro anos.
A pobreza sempre a crescer!
Há roubo e corrupção
Em qualquer instância.
Os mesmos políticos estão
Sempre no poder.
E os poucos homens que sonham
São declarados insanos.

          Em 1950
No Brasil há fome constante
E morte na infância.
Mas há eleições para presidente
De quatro em quatro anos.
A pobreza sempre a crescer!
Há roubo e corrupção
Em qualquer instância.
Os mesmos políticos estão
Sempre no poder.

E os poucos homens que sonham

São declarados insanos.


          Em  2000
No Brasil há fome constante
E morte na infância.
Mas há eleições para presidente
De quatro em quatro anos.
A pobreza sempre a crescer!
Há roubo e corrupção
Em qualquer instância.
Os mesmos políticos estão
Sempre no poder.
E os poucos homens que sonham
São declarados insanos.


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E no Brasil
Há eleições de quatro em quatro anos!
Há eleições de quatro em quatro anos!
Há eleições de quatro em quatro anos!

Há eleições de quatro em quatro anos!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

          MEIA VIDA MAIS MEIA



Um pedido
Que o sonho explica
Um beijo
Que o ato exemplifica
Um contrato
Que o anel indica
Uma vida
Que no gesto fica
Um caminho
Que é mais uma dica
Um adeus
E a alma abdica
Uma palavra

Que a tudo glorifica