sábado, 30 de janeiro de 2016


            EM BUSCA DO SOL PERDIDO

Ana Maria invade meu sonho
descrevendo um céu de  escrúpulos
para não saciar meus desejos


                            a noite não ensina
                            o caminho da sina
        de quem envereda pelos beijos


pode ser que a noite
seja assim
eterna
sem um sol
que nasça no jardim
um farol em tempestades


só me ensinaram
o amor bem comportado
de quarto, sala e cozinha
que leva os desejos a percorrer
tortuosos caminhos



só me mostraram
o sonho sufocado
na mágica de uma palavrinha
fazendo desaparecer o sofrer
como se fosse possível viver
sem outros carinhos

mas eu
reprovado de céu e lar
expulso do paraíso
por ser sensível e instável
clamo pelo dia
e chamo para a surdina
uma Ana Maria
com corpo de anjo

e alma de libertina.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016


      CRÔNICA CAPITALISTA



Os pássaros famintos
Bicam o asfalto
Até que a morte
Os faz levantarem vôos
Levando consigo
Sonhos
Ambições
Desejos
E o asfalto
Intacto
Continua a ludibriar
Outros pássaros
Famintos



quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

                   SEM UM GRANDE FINAL

Dia! Dia!
Grita minha noite

                Um sol sobre o azul
                Um sol sobre o azul
                Que não enxergo

A escuridão me esfacela
Pedaços que não consigo juntar

                 Uma realidade de sentinela
                 Um sonho de aquarela

Será aquela
Que Toquinho canta
Insensível aos meus apelos

                  A visão que me encanta
                  O olhar que me espanta

Um sonho que me alerta
O sono que me desperta

                  É tudo que resta

                 O fim da festa

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016



       SEMPRE


Sorrateiramente
Entrei em tua vida
E vi que a luz se fez
Em meu caminho



O meu horizonte
Antes terra esquecida
Se produziu de vez
Nos braços do teu carinho



Seguindo em frente
Vejo a estrada florida
Não há mais escassez
Não mais estou sozinho



sábado, 23 de janeiro de 2016


            NORMALIDADE


Fazer da miséria
A fuga
Com ar de gente
Séria


Deus não enlouquece
Porque não conhece
A solidão da rua

O anoitecer sem lua.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

MEU OLHAR SOBRE TERESA





Eu não vi Teresa

Com o mesmo poético olhar

De Manuel Bandeira



Eu já enxerguei Teresa com o coração

Logo na vez primeira!



A segunda vez que vi Teresa

Achei tamanha sua beleza

Que meus olhos não souberam o que falar.





Para ela era pura brincadeira

Para mim não mais houve céu

Nem mesmo um pedaço de terra





Apenas o abismo do abandono

Onde toda vida se encerra.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

MORRER


  




Secam-se

Os movimentos

No jardim



O perfume

Foi assim

Perdido



Isento



Não há

Débito

Crédito



Só um nome

Apagando-se

Lentamente



Um dia

Acordando

Sem nuanças



Desfaz

Mansamente

As lembranças

domingo, 17 de janeiro de 2016

ENTREGA





Caminhar
Por tuas estradas
Tortuosas

Explorar
Tuas curvas
Sinuosas

Saciar
Todo deserto
Em teu olhar

Invadir
Teu pensamento
Teu olhar

Descobrir
Por onde anda
Teu coração

Entregar
Minhas forças
Em tuas mãos

  
E chegar
Ao paraíso
Em deleite


E paixão


         

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

DECEPÇÃO





Desejei ser guia
Passar pelo norte
Encontrar alegria
Sol brilhante
Em qualquer dia

Desejei ser ponte
Atravessar o açoite
Penetrar na harmonia
Ser a fonte
Que a sede sacia

Desejei ser o mundo
Servir-lhe de abrigo
O bom aconchego
Descobri, num segundo,
Fui deserto e cego

Pedra pode ter dureza

Mas nunca terá beleza.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016




        ESPAÇONAVES DE PAPEL





 A nave

Risca

O espaço

Buscando

Os céus

Imaginários.

Muitos astronautas

Embriagados

Pelo amarelo solar

Apagam estrelas,

Deixam seqüelas

No infinito.

Mas nós

Do prazer

Visionários

Somos domadores

De infernos e purgatórios,

E queremos alcançar

O Monte Olimpo.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

HOMEM TOTAL



Meu olhar caminha pelo céu
Pastoreando planetas e estrelas
Num piscar de portas e janelas


Há sonhos que vão
Há sonhos que ficam
Há sonhos que retornam
Há sonhos que se perdem
No emaranhado de sonhos e desejos
Há sonhos que se transformam em perdas e danos


Mas o olhar é bicho teimoso
Não aprende com as decepções e enganos
Quer um dia se transformar em céu
E domesticar planetas e estrelas
Num abrir de portas e janelas.




segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

FANTASMAS DA OUTRA SALA




Eu que sobrevivo
Entre a fuga e a procura
Não posso desprezar a noite
Oh, não!   Oh, não!
Laço a beleza das estrelas
Para meu infinito particular
Dos mistérios faço janelas
Para espiar inferno e céu
E ainda sonhar
Nunca foi possível
A sobrevivência
- mesmo no fundo do poço -
sem uma fresta aberta
aos fantasmas

que povoam os sonhos

sábado, 9 de janeiro de 2016

         OBJETO DIRETO


O que importa o céu azul...se tenho o infinito
O que importa o mar aberto...se reconheço 
                                                    o horizonte
O que importa o jardim... se faço o colorido
O que importa o Cruzeiro do Sul... se
                                            encontrei o luar
O que importa o passo certo... se somos
                                                 a Fonte
O que importa o inicio  e o fim...   já tendo
                                   O objetivo atingido

Se todos os meus desejos
             Não estão nas estrelas
             Nem no sol a brilhar


Quero sim abertas todas as janelas
             Para ver meu amor passar
            Em meio a sorrisos jogar-lhe beijos.



quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

 

                BAIXO  ASTRAL





Olho o horizonte...
Uma etérea nevoa
Se esvaece ao vento
Perene
O rio de lágrimas
Corre
Por inimagináveis leitos

Sem destino

terça-feira, 5 de janeiro de 2016


         PEQUENO PERFIL DA TERRA NATAL


Verde
paz
e muito
mais


antigüidade
arte
em toda
parte


nas esquinas
liberdade
meninos, meninas
felicidade


Piracicaba
rio
que passa
com graça


na praça
igreja matriz
velando
povo feliz


 São Benedito
milagreiro
 festança
em janeiro


alegrias
constantes
conhecer
Antônio Dias


três séculos
 história
reconhecida
sua glória


é muito
mais
que  verde

e paz

domingo, 3 de janeiro de 2016

       SOLIDÃO II


Tenho a lua como companhia
             sempre
Não conheço o olhar daquela
             que me amará
Por todos os séculos
             e séculos
Através da janela só encontro
             noite fechada
É sempre ela a mostrar sua face.

                             

                

            SUBVIVÊNCIA

                             A rua deserta
                             Soletra meu nome

                             Sem luar impossível é          
                             Distinguir rosas e espinhos

                              Procuro reler outros                                       

                                                                      caminhos

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

       INFÂNCIA


Um moleque corre pelo campo
corpo nu, braços abertos.
O pensamento em total liberdade
alcança os horizontes distantes.



          VIVER A DOIS



                  Os momentos de alegria
                  Fazem-se em todos os minutos
                  Quando o amor e a fantasia

                  Caminham sempre juntos