terça-feira, 26 de março de 2013

EXISTENCIAL




Não acredito na vida eterna.
Será minha existência um fracasso?

Em meu altar
Buda, Cristo, Alá, Khrisna
Têm o mesmo espaço
E estão calados
Eternamente calados!

Não acredito na existência da alma.
Será minha vida vazia?

O meu fantasma
Lembrança do que fui, do que fiz
Não valerá um sorriso?
Não valerá aquele momento feliz?

Na morte, o fim.
O tudo e o nada.
Termina assim uma mente condenada?

segunda-feira, 25 de março de 2013

SEM AMANHÃ


Minha alma
Sempre acompanha
Outra alma
Que lhe dê um pouco de atenção

E caminha sorridente
Pelas estradas da felicidade
No país do prazer

E depois
Há sempre o retorno
Decepcionadamente decepcionada
Procurando abrigo
Noutro sonho em vão.

sexta-feira, 22 de março de 2013

PALHAÇO



No peito um coração trapalhão
Que busca da vida
O sabor
Que vá além da partida
E do calor
De nossas duas almas fundidas
Numa só cor
Esse coração quer amar mais
Ainda que seja tarde
Há ânsia por outros cais
E não esse sempre
Mínimo mar
Mergulhado no máximo
De dor

quinta-feira, 21 de março de 2013

APESAR DE TANTO SONHAR



Apesar de tanto sonhar
Eu nunca fui Di Stefano
Eu nunca fui Pelé
Eu nunca fui Maradona

Eu nunca dei o que falar
Nem mesmo quando cai o pano
Ninguém vai dizer assim
Este foi o cara
Que a vida agora abandona

A vida me abandonou ao nascer
Nunca conhecerei a eternidade
Eu nunca fui
Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 20 de março de 2013

EXISTÊNCIA


É quase noite
Um deserto
O silêncio

O passado
É uma foto sorridente
Puro cinismo
Sabendo o futuro.

Papel em branco!!!

terça-feira, 19 de março de 2013

ALTAR



O deus em
Que creio
Não é o deus
Do belo
Não é o deus
Do feio.

O deus em
Que creio
É bem mais insano
É o deus da paixão
Que deixa em brasa
O peito humano.

sexta-feira, 15 de março de 2013

AS QUATRO ESTAÇÕES



Aqui nos despedimos
Depois de poucas intensas aventuras
A paixão é fogo que se apaga
Com a primeira tempestade

Não vamos lamentar
Nem mesmo culpar
Um ou outro
Vamos apenas dizer adeus
E seguir nossos caminhos.

Na certeza que
Se o jardim não floriu
Valeu a flor que coloriu
A nossa primavera
Mas depois do estio de verão
Nenhuma flor resiste
Ao árido outono

É hora, então
De cada um seguir seu coração.

quinta-feira, 14 de março de 2013

MENINO


Pela rua deserta
Passeia o menino
E a lua
Companheira de destino
Outro astro desfigurado
Traz luz de outro alguém
Não vence nuvens
Não convence estradas.
Há outros mares
A serem navegados
As ilhas exploradas
Continuam mudas
Os arquipélagos inexplorados
São tantos
E o menino
Não construiu as pontes
Para o adulto explorar
Todas as ilhas e seus horizontes.

segunda-feira, 11 de março de 2013

RENDIÇÃO


Minha pena está calada
Da luta e da guerra está cansada
Sem horizontes, janelas, quintais
Anseia por um minuto de paz.

Calar-se, sempre é o morrer
Neste país do carnaval e futebol
Não faz abrir, para todos, o sol
Não traz a realização do querer.

Morrer. Morrer assim tão completamente
Que depois do coração parar
Nada, nada mais sobreviverá
Nem uma palavra
Um sonho
Uma vontade.

quinta-feira, 7 de março de 2013

DESPEDIDA


Minha capacidade de amar
Se foi
Com o seu olhar
Agora todas as esquinas
São iguais
E matam-me a paz.

A eterna sina
De não mais cantar
Sendo você
Todo meu querer
Quero aquele olhar
Em meu caminho
Iluminar
Todos os meus passos
Sejam rosas ou espinhos
E não continuar
Perdido no tempo e no espaço

quarta-feira, 6 de março de 2013

PURA AGONIA




É pura agonia
Aguentar mais um dia
De tua ausência.

Reclama a vida
A outra metade
De minha existência.

No meu corpo
Marcas do teu corpo
Em minha alma
A imagem eterna
De teu indispensável
Sorriso.

domingo, 3 de março de 2013

A MORTE E MORTE DE FREI TITO




A tortura barbariza a carne
Mas as palavras dilaceram a alma
Como incontáveis punhais afiados
Em cortes profundos que fazem a mente
Se perder num labirinto sem saída

No terror diário a paz nunca encontrada
A voz do silêncio sussurra maldosas inverdades
A lucidez se fecha no esquecimento
Compartimento que não se abre
Nem com sete chaves.

Na solidão atormentada
Qualquer luz se apaga
Deixando uma tenebrosa morte eterna
O mal cruelmente implantado
Vai vencendo todas as resistências morais
Na forca enfim a liberdade
Tão docilmente acalentada.